Título: Bird revê estratégia de atuação para Brasil
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Finanças, p. C10

O Banco Mundial (Bird) está reexaminando sua estratégia de atuação em nações em desenvolvimento como o Brasil e a Argentina. O que está em discussão é a necessidade de oferecer novos instrumentos financeiros e serviços para um grupo de países do qual a instituição se distanciou nos últimos anos sob vários aspectos.

O banco, cuja missão principal é o combate à pobreza, tem se voltado cada vez mais para lugares como a África e o Oriente Médio, prioridades absolutas na agenda do atual presidente da instituição, o americano Paul Wolfowitz. Isso deixou em segundo plano países da categoria do Brasil, que o Banco Mundial classifica como de renda média.

Essas nações têm hoje em dia acesso a fontes de financiamento diversificadas e não precisam da ajuda do banco como no passado, o que levou a uma redução do fluxo de recursos da instituição para elas nos últimos anos. Mas esses países também são sócios do banco e por isso têm pressionado a direção da organização a rever suas políticas.

Na reunião anual de Cingapura, esse movimento se refletiu na aprovação de um documento que discute o problema e propõe saídas. O papel não tem consequências práticas imediatas, mas ele revê as diretrizes do banco para esses países e produzirá efeitos na análise dos projetos apresentados ao Bird e no dia-a-dia da sua administração.

Uma proposta que o banco promete levar adiante é a de oferecer serviços de assessoria desvinculados de operações financeiras. Muitos países expressaram o desejo de contar com a experiência dos técnicos do Bird em algumas áreas, mas não querem contratar empréstimos do banco, por causa dos custos e da burocracia que eles envolvem.

Outra idéia é obrigar a instituição a usar em suas operações sistemas de controle e contabilidade dos países que contratam seus empréstimos, nos casos em que esses sistemas estiverem de acordo com padrões aceitos internacionalmente. Hoje em dia, a regra no Banco Mundial é adotar sistemas separados, o que tende a encarecer os custos dessas operações para os países.

O documento aprovado em Cingapura sugere a oferta de novos instrumentos financeiros pelo banco, como um seguro para nações muito vulneráveis a catástrofes naturais e oscilações bruscas nos preços de determinadas mercadorias. Outra proposta é aumentar os empréstimos para projetos de infra-estrutura, área da qual o banco se afastou nos últimos anos. (RB)