Título: Para relator, Perillo mentiu em depoimento
Autor: Peres , Bruno
Fonte: Valor Econômico, 27/06/2012, Política, p. A7

O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse ontem que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), "com certeza" mentiu em seu depoimento sobre o episódio envolvendo uma controversa venda de uma casa que pertencia a ele.

"Com certeza [o governador mentiu]. Está evidente que foi uma história montada. A história da casa é para negar a relação do governador com o senhor Carlos Cachoeira", disse Odair Cunha, no fim da sessão da CPI convocada para ouvir pessoas envolvidas no episódio.

O governador negou ter mentido à CPI e reafirmou que não vendeu sua casa para Carlos Cachoeira.

Em depoimento à comissão, Perillo disse não ter se preocupado, à época, com quem tinha emitido os cheques usados na transação nem a quem se destinaria o imóvel, cuja venda foi intermediada por um de seus assessores. O governador tem sustentado a versão de que o pagamento ocorreu por meio de três cheques, sendo dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil.

No entendimento do relator, os áudios obtidos pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, evidenciam que o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, alvo central das investigações, tinha interesse em comprar a casa pertencente ao governador e que estaria preocupado com o fato de a casa ser repassada em seu nome.

O relator apontou conflitos entre as datas informadas nas diferentes versões sobre o episódio, disse que Cachoeira tentou "esconder" o proprietário do imóvel, inclusive ordenando que o contrato da venda fosse rasgado.

"Quem comprou a casa foi o senhor Carlos Cachoeira, os áudios mostram isso, e aqui o arquiteto disse que quem o contratou foi a senhora Andressa [Mendonça, mulher de Cachoeira]", disse Cunha no fim do depoimento do arquiteto Alexandre Milhomem, que alegou desconhecer Perillo, mas admitiu ter prestado serviços ao casal. O relator anunciou que vai requerer cópias das notas fiscais às empresas prestadoras do serviço de decoração feito por Milhomem, com a finalidade de identificar o valor e os meios de pagamento recebidos pelo arquiteto.

Em nota, a assessoria do governador afirma que os depoimentos do empresário Walter Paulo e do ex-vereador Wladimir Garcez deixaram claro que "o imóvel foi ocupado a partir de agosto de 2011, portanto após o pagamento e a escrituração". (Com agências noticiosas)