Título: Maioria quer política externa mais dura com Evo e Chávez
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Especial, p. A16

A pesquisa do Ipespe mostrou ainda que a política externa do governo federal em relação à América Latina recebe questionamentos do eleitorado. Para 31% dos pesquisados, o governo federal deveria ser mais duro com o governo da Bolívia, que anunciou este mês a tomada de controle das duas refinarias da Petrobras naquele país. O percentual dos que concordam com uma posição conciliadora é de 27%. Somente 10% defenderam o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Bolívia e 25% preferiram não responder.

A diferença dos eleitores de Lula e Alckmin em relação a este item é marcante. Entre os adeptos de Lula, predomina, com 33%, os que defendem uma política conciliadora, ante 25% que gostariam de uma posição de força. Entre os favoráveis a Alckmin, 45% querem o endurecimento com o presidente boliviano Evo Morales. Apenas 18% dos simpáticos ao tucano concordam com a conciliação.

Os entrevistados também sinalizaram que gostariam de um mais fria entre o governo brasileiro e o da Venezuela. Apenas 12% responderam que o presidente Lula deveria continuar mantendo uma relação amistosa com o presidente venezuelano Hugo Chávez, ante 42% que disseram que Lula deveria manter uma relação cordial, mas não de amizade. Outros 20% pediram um certo distanciamento em relação ao presidente da Venezuela. Novamente, a rejeição a Chávez é maior entre os eleitores de Alckmin (28% escolheram a opção pelo distanciamento) do que de Lula (18% fizeram o mesmo).

O eleitor pesquisado também gostaria de uma política externa brasileira gravitando mais próxima de Washington e de Bruxelas. Dos entrevistados, 45% disseram que o Brasil deveria se aproximar dos Estados Unidos e dos países da Europa, ante apenas 18% que defendem uma aproximação maior com países emergentes, como China ou Índia e 9% que defendem uma relação igual para todos países ou blocos. O eleitor de Alckmin dá mais ênfase a uma boa relação com os Estados Unidos e a União Européia: 51% preferem este tipo de parceria. Entre os eleitores de Lula, o percentual é de 43%. Do total de entrevistados, 29% não quis responder a esta pergunta.

Paradoxalmente, a maior parte dos eleitores dizem preferir a política externa atual à do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: são 45% os que a consideram superior a do governo passado, ante 19% que a classificam como pior. (CF)