Título: Presas com algemas de ouro
Autor: Boechat, Yan
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Empresas, p. B1

Assim como as regiões escolhidas, o processo de expansão das construtoras paulistas segue o mesmo modelo. Com pequenas variações, todas estão se unindo às construtoras locais por meio de joint-ventures ou associações específicas. Todas estão, também, obrigando essas companhias menores a lhes darem exclusividade total em seus lançamentos futuros. Utilizando um jargão do setor bancário, estão aprisionando as pequenas construtoras com "algemas de ouro".

A Cyrela é a mais agressiva. As companhias regionais que se associaram à empresa no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais não podem lançar novos empreendimentos de forma independente por um prazo de até 20 anos.

A Gafisa também adota a mesma estratégia. A companhia se associou a empresas no Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e Alagoas. Apesar de o prazo de cinco anos ser bem menor, as companhias regionais também não podem fazer lançamentos independentes sem antes consultar a empresa paulista.

A Rossi, por sua vez, utiliza algemas mais frouxas. Nas parcerias que estabeleceu em Minas Gerais e no Paraná, optou por exigir períodos de exclusividade mais brandos. Nos contratos firmados esse ano, as construtoras locais são obrigadas a lançar novos projetos com a companhia paulista por apenas 12 meses. "Prazos muito longos podem engessar nossos parceiros, ", diz Sérgio Rossi, diretor de relações com investidores da empresa. (YB)