Título: CCR e Brisa avaliam projetos em sete Estados
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Empresas, p. B3

Para a Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), internacionalizar seus negócios a partir da entrada nos Estados Unidos é uma forma de começar a se posicionar como um dos principais participantes do mercado mundial.

Hoje a companhia administra 1.452 quilômetros, o que a coloca como a sexta maior companhia de concessões do mundo. Entretanto, todas as estradas da CCR estão em território brasileiro. A francesa Vinci, maior empresa do setor, com 4.687 quilômetros, tem rodovias na Europa, no Canadá, no Chile, na Tailândia e na África.

O setor vem passando, principalmente na Europa, por um período de consolidação. Em abril, a espanhola Abertis anunciou uma oferta de compra pela italiana Autostrade. Se aprovada pelas autoridades européias de concorrência, criará a maior empresa de concessões do mundo, com mais de 5 mil quilômetros.

A abertura do mercado americano de concessões pode acelerar ainda mais esse processo. Como os projetos nos Estados Unidos envolvem grandes somas de recursos, algumas companhias devem fazer alianças para se fortalecer.

A própria CCR se uniu à portuguesa Brisa para participar das licitações nos Estados Unidos. A Brisa detém uma participação de 17,9% na holding de concessões brasileira. "Assim como aconteceu com telefonia e energia, o setor deve se consolidar. Ao se internacionalizar, o objetivo da CCR é se preparar para ser um dos principais atores desse processo", afirma Ricardo Froes, diretor financeiro da CCR.

O consórcio formado pela companhia brasileira e pela Brisa definiu sete Estados americanos como seu principal foco de atenção. São eles: Virgínia, Indiana, Flórida, Texas, Georgia, Carolina do Norte e Califórnia.

Para determinar as áreas de interesse, as empresas levaram em consideração fatores como crescimento da economia do Estado, tamanho da frota, legislação e também volume de projetos em andamento. "Mapeamos os locais onde as coisas acontecem", afirma Eduardo Camargo, responsável pelo desenvolvimento de negócios da CCR nos Estados Unidos.

A Brisa e a CCR atuarão nos projetos como sócias em partes iguais em cada projeto conquistado. Conforme os negócios no país forem ganhando volume, poderá ser criada uma holding para deter todas as concessões.

As duas empresas ainda poderão vir a ter mais sócios nas atividades desenvolvidas no Estados Unidos. "Pensamos em associações com fundos de investimento e com construtoras", diz Camargo.

A Brisa, por exemplo, entregou uma proposta para participar da construção e exploração da via SH 161, em Dallas (Texas) em sociedade com uma construtora local, a Balfour Beatty. Essa proposta foi entregue antes de a empresa portuguesa firmar a parceria com a CCR, que agora analisa a possibilidade de entrar no projeto.

São 18 quilômetros de rodovia concedidos por 50 anos, num trecho que faz ligação com o aeroporto. Só em construção, o consórcio vencedor deverá desembolsar cerca de US$ 500 milhões.

Expandir seus negócios para o exterior também é uma forma de a CCR crescer enquanto as novas concessões federais e estaduais não saem do papel no Brasil. (CM)