Título: Escalada, boxe e kenpo hawaiano são alternativas para competir com a praia
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Caderno Especial, p. F2

A diversificação dos negócios tem sido um dos trunfos das academias de ginástica para fazer frente à crescente concorrência no setor. O movimento ganha força nessa época do ano, com o aumento do calor, fator que faz subir o número de matrículas nas academias de todo o país.

Somadas às modalidades mais tradicionais, como musculação, as academias passaram a oferecer opções como aulas de escalada, boxe e kenpo hawaiano. As alternativas de diversificação, entretanto, já não se limitam apenas a esportes extras na grade de opções.

"O setor está crescendo, e é preciso agregar valor com venda de toalhas da academia, uma lanchonete ou produtos agregados", diz Abdon Rosado, consultor do Sebrae em Salvador que orienta empresários interessados em investir no ramo. "Para montar um plano de negócio, temos que olhar o comportamento de mercado e também o que o cliente quer".

Rosado afirma que é possível montar "uma boa academia" com um investimento entre R$ 100 mil e R$ 150 mil. Outras alternativas de segmentação, diz ele são a oferta de aulas durante a madrugada - experiência que ainda não vingou em Salvador - ou a criação de turmas para nichos específicos, como alunos da terceira idade.

O chamariz inicial da Villa Forma, criada há cinco anos, foi seu espaço físico, que contrasta com a vizinhança. A academia foi montada em um reformado casarão do século XIX localizado no boêmio bairro do Rio Vermelho e cercado por bares. Carol Cardoso, a proprietária, manteve características originais do espaço, como afrescos e lustres de cristal que ornamentam parte do ambiente. "O contraste é mesmo um dos diferenciais", diz ela.

A Villa Forma mantém uma média mensal de mil alunos, com picos de 1.200, o que faz dela uma das maiores de Salvador. Por pressão de empresários e profissionais liberais que tem como alunos, a academia antecipou seu horário de abertura para as 5h30. A diversificação levou também à abertura de uma turma de teatro. A aula é ministrada pela atriz e diretora Andréa Elia, que tem cerca de 20 anos de carreira e é bastante conhecida no circuito cultural da cidade. A academia também já tem aulas de circo. "Muitas vezes o aluno quer trabalhar mais a mente, aliviar o estresse, desligar a cabeça", diz a dona.

Para se diferenciar da concorrência, Tony Granjo, que comanda a academia que leva seu nome, criou um programa próprio para prescrever treinamentos individualizados aos novos alunos. Ainda que o mercado se mostre cada vez mais concorrido, ele diz ter planos de abrir pelo menos mais uma academia.

Segundo o Conselho Regional de Educação Física, há cerca de 550 academias na Bahia. O número dá apenas uma idéia da dimensão desse mercado no Estado. Ele se refere somente às academias registradas na entidade e dedicadas a musculação ou ginástica. "Muitas academias são registradas como lojas de venda de equipamento esportivo", diz Lafaiete Pondé Filho, da Junta Comercial do Estado. Sob esse cenário, o faturamento do setor é uma incógnita.

A Bahia tem pouco mais 13 milhões de habitantes. Tony Granjo estima que o público das academias é de apenas 1% desse contingente. O desafio, afirma ele, é ampliar o mercado. "Em São Paulo, esse número é de 3%. Se conseguíssemos isso na Bahia, seria um boom".