Título: Cultura exportadora precisa ser desenvolvida
Autor: Braz, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Caderno Especial, p. F4

A exportação de serviços por micro e pequenas empresas ainda é um negócio incipiente no Brasil. Neste ano, a Secretaria de Comércio e Serviços, ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), elaborou o Panorama do Setor de Serviços no Brasil, no qual faz o primeiro levantamento mais detalhado sobre o posicionamento do país no cenário mundial.

Os dados apurados não discriminam o porte das empresas e são referentes a 2005, quando o setor de serviços representou 57% de participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em 2004, essa participação era de 55,7%. Naquele ano, a exportação de serviços rendeu ao país US$ 14,901 bilhões, comparados a US$ 11,473 bilhões de 2004, com um aumento de 29,8%. Com esse desempenho, o Brasil passou a ocupar a 31ª posição no cenário mundial. Em relação à exportação mundial de serviços, o país detinha 0,6% de participação no mercado internacional no ano passado, pouco acima dos 0,5% de 2004.

A origem das receitas das exportações de serviços vem das áreas empresariais e profissionais (37,5%), viagens internacionais (24,0%), transporte (19,0%) e governo (7,4%).

Segundo Edson Lupatini, secretário de comércio e serviços do MDIC, atualmente, é muito difícil mensurar a participação das micro e pequenas empresas na exportação de serviços. "Por isso, é preciso criar cultura exportadora, um sistema de gestão e informações estatísticas", afirma. Ele acrescenta que esse estudo foi o primeiro passo para se ter um panorama da exportação do setor. A segunda etapa é um acordo de cooperação que a secretaria deve assinar em meados de outubro com o Banco Central (BC).

O acordo permitirá que os dados sejam fragmentados, ou seja, com informações sobre país de destino, origem da exportação e ramos de atividades, visando dimensionar o intercâmbio brasileiro e traçar ações na área de financiamento. "Isso dará visibilidade para a secretaria", afirma Lupatini. A partir da assinatura do acordo, ele acredita que já em novembro será possível ter novas estatísticas.

O setor de serviços engloba 153 subsetores, o que dificulta a coleta de dados. Por isso, segundo Lupatini, a secretaria desenvolve um projeto de sistema integrado de serviços, no qual participarão órgãos do Governo Federal (BC, IBGE, BNDES, Apex Brasil, Proex) e a iniciativa privada. "Teríamos a parte de gestão dos dados estatísticos, nos moldes do Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior), podendo identificar, inclusive, o porte da empresa, além de estabelecer políticas públicas e ações coordenadas", informa.