Título: Bancos ampliam oferta para turismo
Autor: Aguilar, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Caderno Especial, p. F5

As instituições federais como Banco da Amazônia, Banco do Brasil (BB), Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberaram R$ 1,11 bilhão em crédito às empresas com atividades ligadas ao turismo no primeiro semestre, segundo dados do Ministério do Turismo. O valor é 4,32% superior ao de R$ 1,06 bilhão aplicado em igual período do ano passado.

Em 2005, as linhas de financiamento dos bancos federais, voltadas às empresas de turismo de todos os portes somaram R$ 1,9 bilhão ante R$ 1,4 bilhão do ano anterior. Em relação ao BNDES, foram contabilizados apenas os créditos concedidos diretamente ao setor, ou seja, que não passaram por instituições federais.

Quando levados em conta os desembolsos diretos e indiretos (repassados para todos os bancos) do BNDES, o montante destinado ao turismo, de janeiro a junho deste ano, corresponde a R$ 36,8 milhões, contra R$ 77,4 milhões no primeiro semestre de 2005. Em 2005, o BNDES liberou um total de R$ R$ 105,6 milhões para o setor, ante R$ 55,6 milhões no ano de 2004, um crescimento de 90%.

Segundo o consultor de turismo do Sebrae Nacional, Dival Schmidt, mais de 95% do total de empresas ligadas ao turismo são micro e pequenas. Entre elas estão agências de viagens, pousadas, pequenos hotéis, bares, restaurantes, empresas de transportes, locadoras de veículos, organizadores de eventos, entre outras. Não há dados oficiais consolidados sobre o volume de crédito destinado somente às micro e pequenas que atuam no segmento turístico.

No entanto, os números mostram que os bancos federais têm ampliado a oferta de crédito para as pequenas do setor. A Caixa Econômica Federal reservou R$ 1 bilhão para financiamento dos pequenos negócios, principalmente para hotéis independentes e pousadas. Do total, cerca de R$ 463 milhões já foram liberados pela instituição até julho. No BNB, foram reservados R$ 20 milhões para as micro e pequenas empresas que atuam no turismo. Até agosto, o banco já havia emprestado R$ 12,5 milhões do orçamento previsto.

No BB, a principal linha para investimento, Proger Turismo BB, soma R$ 19 milhões em financiamentos concedidos de janeiro à primeira semana de setembro. A projeção é atingir o volume de R$ 40 milhões até dezembro, diz o gerente executivo da diretoria de micro e pequena empresa, Kedson Macedo.

A Proger Turismo Investimento é a linha que mais cresce no banco. Em dezembro de 2004, a quantia liberada para o segmento era de R$ 24 milhões. Em 2005, foram mais R$ 12 milhões, totalizando R$ 36 milhões. O dinheiro pode ser usado em reformas, construções e compras de equipamentos para pousadas ou hotéis.

Com limite de crédito de até R$ 400 mil para empresas com faturamento de até R$ 5 milhões por ano, a linha Proger oferece como prazo de pagamento do empréstimo 120 meses, já incluídos os 30 meses de carência para início da quitação das prestações. A taxa de juros cobrada é TJLP (7,50%) mais 5,33% ao ano.

Na Caixa Econômica Federal, a linha Proger Turismo Caixa Investimento financia máquinas e equipamentos novos e usados, construção civil e reformas até o limite de R$ 200 mil. A Caixa também faz o repasse de outras linhas específicas ao turismo como o BNDES Automático e o Finame, ambas destinadas à compra de equipamentos novos de fabricação nacional até o limite de financiamento de R$ 10 milhões, com prazo de pagamento de cinco anos.

Os juros seguem a TJLP mais 6,5% ou 9,5% ao ano, conforme o plano de negócio. A linha BNDES automático também permite o uso do dinheiro em ampliação, modernização e recuperação de espaços voltados ao turismo.

Para facilitar o acesso às linhas de financiamento disponíveis, a Caixa tem firmado acordos com as secretarias de turismo, criado produtos para locadoras de automóveis, pousadas e hotéis. "O setor de turismo, fonte geradora de empregos e renda, tem crescido muito", afirma o vice-presidente de crédito da CEF, Francisco Egídio Pelúcio Martins.

No início de junho, a Caixa assinou um acordo com o Ministério do Turismo para gerir um fundo de recursos do ministério a ser ofertado como crédito aos clientes. Batizada de Fungetur, a linha permitirá o uso do dinheiro em reformas, construções e compra de equipamentos novos e usados.

A grande novidade do Fungetur é a ampliação do prazo de pagamento do empréstimo, que, de acordo com a necessidade do projeto, poderá chegar a 20 anos.

O limite de crédito do Fungetur pode variar de R$ 400 mil a R$ 10 milhões. O empréstimo será corrigido pelo INPC, que está em cerca de 5% ao ano, somado a outra taxa que pode variar de 6,9% a 7,9%, conforme o plano de negócio.

Na região Nordeste, a principal fonte de recursos para o turismo vem do Fundo de Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), composto por parte dos recursos arrecadados com os impostos. Também há o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que são voltados ao financiamento de infra-estrutura no setor de turismo.

Para o tomador, a grande diferença do empréstimo feito com recursos do FNE, quando comparado à fonte do BNDES, está na taxa de juros. A linha de financiamento FNE Serviço, do Banco do Nordeste, empresta dinheiro para reformas e compra de equipamentos novos para pousadas e hotéis. O prazo de financiamento é de oito anos, com carência de dois. Nessa linha, a taxa de juros varia de 8,75% a 10% ao ano, conforme o montante emprestado. Se a pessoa pagar todas as parcelas em dia, no final do prazo, ela ainda tem um desconto de 25% no valor das prestações.

O gerente de ambiente de negócios com pessoa física e micro e pequenas empresas do BNB, Henrique Tinoco, explica que o desenvolvimento do turismo no Nordeste é crescente desde 2000. De janeiro a agosto de 2006, o banco já contratou 57 operações de crédito para micro e pequenas empresas do segmento de turismo, envolvendo recursos da ordem de R$ 12,5 milhões.

O total previsto para 2006 é de R$ 20 milhões aos pequenos empresários do setor. "Essa quantia não leva em conta os empréstimos às grandes empresas e nem os investimentos feitos por estrangeiros no turismo no Nordeste", diz Tinoco.