Título: Setor produz 6 milhões de empregos
Autor: Wilner, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, Caderno Especial, p. F8

Se for abrir um negócio, abra algo ligado à alimentação porque todo mundo sempre vai precisar comer, certo? Se você concorda com essa afirmação não é o único brasileiro a pensar assim. Quase um terço dos micro e pequenos empreendedores nacionais escolhem esta área para investir. Mas tentando escapar dos riscos, o que este pessoal consegue é cair num segmento onde a concorrência é feroz e cheio de detalhes essenciais, que vão desde saber manusear matéria-prima perecível até lidar bem com o público.

O resultado é que, de cada cem estabelecimentos, 35 fecham em um ano e só três sobrevivem em 10 anos, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O ponto central deste problema está no desemprego, que obriga as pessoas a buscar alternativas de trabalho. Muitas vezes, diante da necessidade, o trabalhador se vê obrigado a buscar saídas. "Na verdade temos muitos empreendedores no Brasil e poucos empresários propriamente ditos", diz o consultor Enzo Donna, fundador da ECD, consultoria especializada em pesquisas no mercado de alimentação.

Muitos estabelecimentos fecham porque a concorrência é grande e o planejamento é mínimo, de acordo com Joaquim Saraiva de Almeida, presidente da seccional São Paulo da Abrasel. A entidade estima que existam quase 800 mil estabelecimentos em todo o Brasil e que o setor já represente 2,4% do PIB, gerando cerca de seis milhões de empregos diretos.

A receita para sobreviver, segundo Almeida, é, em primeiro lugar, pesquisar o local e sua vocação. Ou seja, é preciso saber se é um bom ponto e se ao lado existem escritórios ou se é melhor para vida noturna, adaptando sua proposta. "Ter um bom plano de negócios, que leve em conta custos e qualidade de produtos e serviços, é fundamental.", acrescenta. Isso porque a área de alimentação tem minúcias, como, por exemplo, saber comprar, manipular e acondicionar corretamente e reaproveitar o que puder.