Título: União de bancos UBS e Pactual reforçará cobertura de ações na AL
Autor: Cotias, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2006, EU & Investimentos, p. D2

Juntos, o banco suíço UBS e o Pactual vão ganhar musculatura também na área de análise de empresas. Além de unir as especialidades de banco de investimento e de gestão de recursos, o time de pesquisa no Brasil vai chegar a 30 profissionais, que vão dividir um mesmo espaço tão logo a fusão seja aprovada pelo Banco Central. Combinar as equipes do Pactual e do UBS representará a união de forças de duas das melhores casas de análise do mercado, segundo enquete anual publicada pela revista "Institutional Investor" neste mês.

Após a fusão, a gama de companhias cobertas vai ultrapassar a marca de 100 logo na saída e para a equipe do Pactual isso significará romper as fronteiras nacionais, com o acompanhamento de papéis em mercados considerados chave na América Latina, como México e Chile, onde o UBS já tem presença.

"Teremos uma cobertura maior do que a concorrência e mais profundidade na análise também", prevê o diretor de Pesquisa do Pactual, Ricardo Kobayashi. "E apesar de ganhar amplitude na América Latina, a idéia é não perder o foco no Brasil."

Na atual edição da "Institutional Investor", o Pactual ficou em primeiro lugar, com oito dos seus analistas indicados espontaneamente por diretores de pesquisa e chefes da área de investimentos em instituições do Brasil e do exterior. O UBS veio logo atrás, com seis pesquisadores, liderando no segmento aeroespacial, transporte e indústria, encabeçado pelo analista Rodrigo Goes. O Pactual, por sua vez, ganhou no setor elétrico, coberto por Pedro Batista, em macroeconomia, com Guilherme Bacha de Almeida, e em estratégia, com o próprio Kobayashi.

Ele, que previu que Índice Bovespa fecharia o ano na casa dos 50 mil pontos, agora faz projeções mais comedidas para o principal termômetro do mercado acionário brasileiro. Kobayashi espera um certo rali para a bolsa nos últimos meses de 2006, com o índice firmando-se acima dos 40 mil pontos e rompendo os 50 mil ao longo de 2007. "Olhar só o índice pode ser enganoso porque ele tem muito peso de commodities, é preciso olhar a bolsa por dentro, porque há uma gama de empresas que vão aumentar seus resultados e que não participam do indicador." Segundo exemplifica, em agosto, quando o Ibovespa perdeu 2,2%, 30 papéis tiveram ganhos superiores a 10%.

A receita do Pactual, agora, é selecionar ações que podem se descolar do vaivém do Ibovespa. Na preferência estão ativos ligados aos setores elétrico, de consumo, transporte e construção civil. No segmento elétrico, as oportunidades, segundo Pedro Batista, estão na área de geração. "O aumento dos preços e da demanda no longo prazo tendem a ampliar as margens das companhias." Entre as suas eleitas está CPFL Energia, que ainda pode se beneficiar do movimento de consolidação do setor.

Na área de consumo, a seleção do Pactual inclui Lojas Americanas, que ainda vai colher sinergias da associação com o Shoptime, Submarino, que deve crescer junto com a banda larga no Brasil, e Guararapes. A fabricante de roupas tem no braço de varejo, a Lojas Riachuelo, uma das principais alavancas do seu negócio, além de angariar boa parte dos seus resultados no financiamento com o cartão "private label" (marca própria).