Título: PT e PMDB reafirmam pacto no 2º turno
Autor: Junqueira , Caio
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2012, Brasil, p. A5

Por meio dos seus presidentes nacionais, PT e PMDB reafirmaram ontem um pacto de aliança, firmado em abril deste ano, no segundo turno nas eleições municipais, nas cidades onde os dois partidos não estiverem coligados no primeiro turno e apenas um deles passar para a segunda fase. Uma das prioridades é São Paulo, onde o PMDB mantém a candidatura do deputado Gabriel Chalita a prefeito.

"A candidatura do Chalita tem todo nosso respeito. Ele apoiou a presidenta Dilma Rousseff num momento difícil e, se ele estiver no segundo turno e nós fora, vamos apoiá-lo. E a expectativa é que a recíproca seja verdadeira. Ele já disse isso. Ele e Fernando Haddad [candidato a prefeito do PT] são amigos e são da mesma área", afirmou Falcão, após reunião com Raupp, na presidência do PMDB, em Brasília.

O encontro, marcado para uma avaliação das alianças entre as duas siglas nas eleições municipais, foi realizado pouco depois de Falcão ser informado pelo vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, de que a deputada Luiza Erundina desistira de ser vice na chapa de Haddad.

O presidente do PT considerou a decisão de Erundina um "problema de percurso", que, na sua opinião, não irá atrapalhar uma "candidatura em ascensão". Disse que caberá ao diretório municipal do PT e a coordenação da campanha de Haddad a definição de novo vice. Para ele, "a escolha natural" seria um nome do PSB, se o partido quisesse escolher.

"Mas Roberto Amaral disse que o PSB deixava a gente livre para qualquer coligação", afirmou Falcão. Ele mostrou confiança na participação de Erundina na campanha de Haddad, embora tenha deixado a chapa. Quanto à aliança com Paulo Maluf, o presidente do PT lembrou que o seu partido, o PP, faz parte do projeto nacional petista desde a primeira gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e num ministério importante como o das Cidades. Disse que a parceria "vem dando certo" e que é natural que os dois partidos estejam juntos em algumas cidades.

"Maluf é uma liderança polêmica, foi prefeito e governador e tem apoio num setor da sociedade. Nós vivemos numa democracia, ele tem suas ideias, que não são iguais às nossas. Ele as expressa e nós expressamos as nossas, muitas vezes de forma diferente. O que vai nos unir na campanha é um programa de governo para a cidade, para resolver problemas profundos que a população vem sofrendo, como a situação caótica do transporte e da saúde pública e a deficiência brutal na área do ensino infantil", afirmou. "Temos discordâncias, mas temos concordância quanto diagnóstico sobre a cidade, os problemas e as soluções."

Falcão afirmou que a campanha de Haddad "vai bem" e a expectativa é que o PCdoB se alie nos próximos dias. Sua expectativa é que o petista atinja 30% das intenções de voto apenas com o início do programa eleitoral no rádio e na televisão.

Após o encontro com Falcão, Raupp reafirmou que o partido não abre mão da candidatura de Chalita e disse que a campanha está aguardando definição de partidos aliados sobre quem será o vice na chapa.

O próprio presidente petista defendeu a candidatura do PMDB, por ser "estratégica" ao partido, que "precisa ampliar sua presença em São Paulo".

Com relação às eleições municipais, por enquanto o PT apoiará candidato do PMDB nas capitais Manaus e Rio de Janeiro. O PMDB, por sua vez, apoiará candidatos do PT em Goiânia e em São Luís.

Para o vice-presidente da República e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, o apoio do PP e do deputado federal Paulo Maluf à candidatura de Haddad "não foi útil ao PT". Temer classificou ainda como "louvável" a atitude de Luiza Erundina de deixar a disputa eleitoral. "Ela é uma pessoa de opinião firme e não só expressa, como toma atitudes em função dessa opinião", afirmou. (Colaborou Yvna Sousa)