Título: PSDB deve definir alianças só depois da convenção
Autor: Junqueira , Caio
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2012, Brasil, p. A5

A executiva municipal do PSDB de São Paulo aprovou ontem uma brecha no edital da convenção para homologar a candidatura do ex-governador José Serra a prefeito que permite a própria executiva decidir sobre alianças depois do congresso, marcado para sábado. A intenção é deixar espaço para a adesão do PTB à candidatura e a formação da coligação proporcional, que tem causado dor de cabeça para os tucanos.

Querem dividir com o PSDB a chapa de vereadores DEM, PR e PSD. O PV, único que defendia chapa própria, ainda não mudou de ideia, mas já discute a possibilidade de compor a coligação proporcional - os principais articuladores da ideia são os três vereadores que eram do PSDB.

O PSDB, que no começo estava contra a coligação proporcional, agora está dividido entre os que, incentivados por Serra, defendem o "chapão" como forma de não perder os aliados, e os que querem a chapa própria por ser capaz de eleger uma bancada maior.

De fato, a estimativa do diretório municipal é eleger de oito a dez vereadores sem aliança proporcional, e fazer duas cadeiras a menos se houver coligação. O cálculo leva em conta que serão 25 vereadores candidatos à reeleição, e entram os mais votados. Se o PV quiser a coligação proporcional, o número subiria para 30.

Tucanos que eram resistentes ao chapão, mas mudaram de ideia, dizem que o objetivo principal deve ser eleger Serra. Estão a favor dessa tese cinco dos sete vereadores do PSDB, que acreditam no amadurecimento da aliança proporcional e que o acordo está próximo. O partido marcou reunião na noite de amanhã para tentar convencer os demais filiados.

Para tentar convencer os correligionários, parte dos tucanos ensaia o discurso de que, com o chapão, o PSD perderia a preferência para indicar o vice - o nome mais citado é do ex-secretário de Cultura Andrea Matarazzo. A decisão está condicionada ao julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de mais tempo de propaganda eleitoral para o PSD. Se o partido ganhar mais tempo, crescem as chances do ex-secretário de Educação Alexandre Schneider (PSD). DEM e PV também querem a vaga.

Entretanto, uma das principais resistências à coligação proporcional é a exclusão de pelo menos 70 pré-candidatos a vereador - o PSDB teve 131 inscritos. A legislação eleitoral determina que a chapa própria em São Paulo terá até 83 candidatos. Com coligação, independente do número de partidos, são 110 concorrentes.

Ainda não foi definido o número de vagas cedidas aos aliados, nem quem será excluído - um dos pontos que deve ficar a cargo da executiva municipal depois da convenção. A direção do partido se deu essa prerrogativa ao inserir, no edital que será publicado hoje, uma norma que permitirá à executiva "deliberar sobre as coligações não definidas na convenção".

Um dos argumentos é permitir negociar por mais tempo o apoio do PTB, que tem como pré-candidato o ex-presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP), Luiz Flávio D"Urso. O partido nega retirar a candidatura, que daria mais 59 segundos de tempo de televisão para Serra, mas, segundo tucanos, tem negociado indicar D´Urso para a Secretaria Estadual de Justiça ou nomear o vice da chapa - possibilidade mais remota, dizem.