Título: Até encomenda de material liberado cai
Autor: Gómez, Natalia
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2006, Empresas, p. B10

As empresas que confeccionam material de campanha não proibido pela lei - como folhetos e adesivos - também observam uma queda significativa na demanda.

A indústria gráfica esperava que as verbas economizadas com brindes e outdoors fossem destinadas aos panfletos. "Não é isso que estamos vendo. O único produto que sai em grande quantidade são os santinhos, mais baratos", afirma Mário Cesar de Camargo, presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf). Segundo ele, era previsto aumento de 2% a 3% nas receitas do setor este ano, em conseqüência das eleições. "Mas agora acredito que nem isso conseguiremos alcançar", diz.

O economista Sergio Vale, da MB Associados, calculou que o emprego na indústria gráfica e de papel da região metropolitana de São Paulo cedeu 8,5% em agosto, na relação com o mesmo mês de 2005. Em anos de eleições, o setor costuma crescer 3,5% em agosto e cerca de 2% em setembro. Para Vale, os políticos podem estar mais cautelosos nos gastos com a campanha por causa das acusações de caixa 2.

A fabricante de etiquetas adesivas Mack Color, de São Paulo, registrou queda de 40% no volume de vendas a políticos este ano, segundo o presidente da empresa, Marcos Rossi.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que há uma grande diferença entre o que os candidatos esperam gastar e o que de fato estão arrecadando. No início de julho, os 18 mil candidatos destas eleições estimaram despesas totais de até R$ 19,8 bilhões em campanhas. Em julho e agosto, todos eles juntos arrecadaram R$ 851,1 milhões. (Com Raquel Salgado)