Título: Fabricantes se protegem dos calotes
Autor: Gómez, Natalia
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2006, Empresas, p. B10

Confeccionar material de campanha pode elevar o faturamento das empresas. Assim como pode, no pior dos casos, resultar em calote. Devido ao histórico de dívidas deixadas pelos candidatos, alguns fabricantes instituíram regras específicas para aceitar os políticos entre seus clientes.

Na indústria gráfica, boa parte das empresas só aceita imprimir o material dos candidatos se eles fornecerem o papel. Dessa forma, diminuem o risco de prejuízo caso o trabalho não seja pago. "Várias empresas têm débitos não saldados pelos candidatos. Trata-se de um público perigosíssimo", afirma Mário César Camargo, presidente da Abigraf. Segundo ele, a concessão de crédito é muito restrita.

Isso também acontece na indústria têxtil. A Marotos, fabricante de camisetas de Brusque (SC), não faz vendas à prazo para políticos. Uma parcela é paga no fechamento do pedido e outra na entrega, segundo o presidente, Renato Roda. "É comum o diretório fazer as compras e as doações não entrarem." O maior número de calotes aconteceu nas últimas três eleições, diz.

As dívidas dos candidatos ficam explícitas na declaração obrigatória de receitas e gastos de campanha feita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Conforme as regras vigentes nesta eleição, o candidato só pode "arrecadar recursos e contrair obrigações até o dia da eleição". Depois, o político só poderá arrecadar mais verbas se ainda não tiver quitado todos as despesas.

Em 2002, a campanha do candidato à presidência José Serra (PSDB) gerou dívidas em torno de R$ 6 milhões. Já a campanha de Lula (PT) gerou débitos de R$ 3,13 milhões. Os dados são referentes às prestações de conta enviadas ao TSE. (RC e NG)