Título: Em 2006, 26,7 mil novos investidores descobriram o Tesouro
Autor: Cotias, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2007, Eu & Investimentos, p. D1

Ao completar o seu quinto ano em 2006, o Tesouro Direto realizou vendas de R$ 765,63 milhões em papéis federais, um incremento de 17,5% em relação a 2005. Nesse intervalo, 26,7 mil novos investidores aderiram ao programa, totalizando 73,2 mil aplicadores cadastrados até dezembro, uma expansão de 42%.

Mesmo sem campanhas institucionais ou divulgação ostensiva por parte de alguns agentes de custódia, o Tesouro Direto tem se provado como uma alternativa competitiva em relação a outros produtos, como os fundos de investimentos, diz o coordenador geral de Operações da Dívida Pública, Ronnie Tavares. Com a queda dos juros, cada vez mais o componente de custos ganha relevância, por ter um peso maior sobre a rentabilidade. "Os investidores não só aprenderam a fazer contas como também começam a conhecer que opções dispõem de acordo com as suas necessidades", diz.

O apelo junto à pessoa física se confirma pela pulverização, que tem sido a marca do Tesouro Direto. Ao longo do ano passado, a maior parte das compras concentrou-se na faixa de até R$ 1 mil (24,3%). As aplicações até R$ 5 mil responderam por quase 65% dos negócios.

Na preferência dos investidores estiveram os títulos prefixados, as LTN e as NTN-F, representando 50,1% das aquisições, com as LTN, sozinhas, abocanhando 42,3%. Os títulos indexados ao IPCA, as NTN-B e NTN-B Principal, responderam por uma fatia de 28,9%. Do estoque, os prefixados representavam 40,4%, seguidos pelos indexados à inflação, com 32,4%, e pelos pós-fixados, que acompanham a Selic, com 27,2%.

O alongamento dos prazos da dívida pública tem sido feito com mais destreza pelo Tesouro Nacional junto às pessoas físicas do que no próprio mercado. Pelo balanço do Tesouro Direto em 2006, os papéis com prazo superior a cinco anos responderam por 20,56% do estoque de R$ 1,1 bilhão, enquanto nos indicadores da Dívida Pública Mobiliária Federal (DPMF) essa parcela correspondeu a 10,42%.

"Como é o próprio investidor que toma a decisão, ele não depende de um gestor, há uma propensão maior a esticar os prazos", diz Tavares. "No longo prazo, já há a percepção de que a volatilidade interfere menos no preço dos ativos."

Com a previsão de que o ciclo de corte de juros prosseguirá ao longo de 2007, as novatas NTN-F tendem a ganhar cada vez mais a atenção entre os pequenos aplicadores, prevê Tavares. "Os investidores têm migrado para esse tipo de aplicação, pois é a oportunidade de se obter um ganho nominal prefixado por mais tempo." Desde novembro, o Tesouro adotou como prática na administração da dívida pública só emitir papéis prefixados acima de três anos com pagamento de juros semestrais.

Ele conta que os cupons periódicos já entraram na rotina do investidor, graças à popularidade das NTN-B e das NTN-C (indexadas ao IPCA e ao IGPM, respectivamente), que seguem a mesma sistemática de amortização. Sinal de que a disciplina de investimento está se consolidando, diz, é que os meses de maior fluxo de aplicação foram justamente aqueles que tiveram vencimentos de LTN. Em janeiro de 2006 foram aplicados R$ 114,3 milhões. Em julho, os investidores movimentaram R$ 94,6 milhões e em outubro outros R$ 80,7 milhões.

Em termos de rentabilidade, o destaque ficou para a NTN-B Principal, com vencimento em 2024 e retorno de 34,4% ao ano, seguida pela NTN-B, de 2045, com 33,4%. Na lanterna ficaram as LFT, com resgate em 2007 e retorno de 15,2%. (AC)