Título: Tranquilidade deu o tom
Autor: Filgueira, Ary; Sacramento, Mariana; Trindad,Naira
Fonte: Correio Braziliense, 01/11/2010, Cidades, p. 38

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral, o segundo turno das eleições no DF teve poucos transtornos. Apenas 10 pessoas foram detidas, a maioria por boca de urna, contra 26 prisões no primeiro turno. Das 5.197 urnas, 37 foram constatados defeitos

O domingo de eleições no Distrito Federal transcorreu com tranquilidade, de acordo com o vice-presidente e corregedor eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF), desembargador Mario Machado. A apuração dos votos mais rápida da história foi iniciada às 17h e, por volta das 18h40, os moradores da capital já conheciam o novo governador. Ao todo, 10 pessoas foram encaminhadas às delegacias, a maioria sob suspeita de praticar boca de urna. Entre elas, apenas uma foi presa, por desacato a autoridade. As demais acabaram liberadas após assinar um termo circunstanciado, por se tratar de um crime de menor potencial ofensivo. No primeiro turno, foram 26 prisões, tendo como principal motivo a compra de votos.

Os casos mais graves foram de um homem que tentou fotografar o voto e de um estabelecimento na Asa Sul que vendia bebidas alcoólicas antes das 18h, horário previsto para o término da lei seca. Na altura da QNN 29, Patrício Rafael dos Anjos Batista, 22 anos, foi encaminhado à 19º DP por ter sido flagrado fixando faixas da candidata Weslian Roriz (PSC). Em Taguatinga Norte, o gari José Ladijane Perácio, 31 anos, entregava jornais da Igreja Universal do Reino de Deus com uma matéria que levava o título %u201COs sete motivos para votar em Dilma%u201D, quando foi denunciado por funcionários do Colégio Maria José, na QNG 46, e, em seguida, encaminhado por agentes da Polícia Civil à delegacia da área.

Na Asa Sul, um enxame de abelhas chegou a preocupar os eleitores pela manhã. Foi cogitada até a possibilidade de troca de seção para quem votava na Escola Classe 315 Sul. O Corpo de Bombeiros, no entanto, confirmou que o enxame estava localizado em uma árvore a seis metros da entrada da escola e que apenas algumas abelhas haviam entrado em uma sala, que não era seção eleitoral. Assim, a transferência não foi necessária.

De acordo com o secretário adjunto de Segurança Pública, coronel Adauto Gama, as ocorrências de crimes eleitorais foram baixissímas se comparadas a anos anteriores. Além disso, todas foram resolvidas com celeridade. %u201CFizemos uma parceria com a Polícia Civil que deu muito certo. Antes, todos flagrados cometendo crimes eleitorais eram encaminhados para a Polícia Federal. Neste turno, eles vão apenas prestar depoimento lá em dias diferenciados da eleição, mas assinaram o termo circunstanciado nas Delegacias de Polícia espalhadas por toda a cidade. Isso facilitou muito%u201D, disse.

Para garantir a tranquilidade nas eleições, 24.322 pessoas, entre mesários, supervisores e agentes de informação, trabalharam ontem %u2014 17.660 eram voluntários. Havia ainda cerca de 6 mil policiais militares, além do número reforçado de ambulâncias e 10 veículos com tração nas quatro rodas para, em caso de chuva, garantir o acesso a locais que apresentassem complicações.

Urnas substituídas No segundo turno, o número de urnas substituídas foi menor do que nas votações de 3 de outubro. Segundo o TRE-DF, das 5.197 urnas em funcionamento, 42 apresentaram problemas, mas somente 37 precisaram ser trocadas %u2014 no primeiro turno, foram 69 substituições. Caso houvesse problemas mais graves, o TRE tinha 500 urnas reservadas para serem transportadas aos locais que necessitassem.

Com relação ao voto em trânsito, 7.865 pessoas realizaram inscrição prévia, número inferior ao do primeiro turno, que registrou 8.175 inscrições e teve 6.774 votos. Segundo o diretor-geral do TRE, Fabio Moreira Lima, o local destinado a esses eleitores (Iesb, na 612 Sul), com 14 seções, não apresentou longas filas, situação diferente da apresentada em 3 de outubro, quando os eleitores passaram cerca de 2 horas esperando para votar.

Propaganda Durante a semana que precedeu o segundo turno, foram recolhidas cerca de 61 toneladas de material de propaganda. Desse total, 16 toneladas foram retiradas da rua na sexta-feira. Ontem, oito caminhões percorriam as cidades para recolher o material irregular de campanha, mas até o fechamento desta edição o tribunal ainda aguardava dados do Serviço de Limpeza Urbana para fechar a quantidade de lixo recolhido somente no dia das eleições. Durante todo o domingo, foram recebidas denúncias de propaganda irregular, sobretudo em Santa Maria, Sobradinho, Lago Sul e Guará. Já havia sido determinado que os candidatos recolhessem o material de campanha até às 22h de sábado, sob pena de multa de R$ 50 mil.

Até às 17h, a Central de Atendimento do TRE-DF recebeu 2.200 ligações de eleitores, em geral perguntando sobre o local da votação. De acordo com o assessor de planejamento Marcello Soutto Mayor, 95% das ligações realizadas no primeiro turno foram referentes a dúvidas sobre o número da seção, já que muitos eleitores não levaram o título para os locais de votação.

MOMENTO DE FÚRIA » Uma senhora, que não teve a identidade revelada pela polícia, foi presa em flagrante na manhã de ontem por desacato a autoridade. Segundo o secretário adjunto de segurança do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF), Adauto Gama, ela fazia boca de urna em uma seção eleitoral na 602 Sul quando foi advertida pelos fiscais que poderia ser detida. A mulher não acatou o aviso e continuou com a manifestação de apoio. O juiz da seção tentou contê-la, mas depois de discussão foi obrigado a chamar a polícia. Encaminhada à 1ª DP, ela também desacatou o delegado de plantão e ficou detida.