Título: Cai lucro das 1.000 maiores empresas
Autor: Pinto de Almeida , Edson
Fonte: Valor Econômico, 03/07/2012, Especial, p. A16

O mau desempenho da indústria foi a principal causa da redução de R$ 14 bilhões no lucro das mil maiores empresas brasileiras, na comparação dos balanços de 2011 e 2010. A receita líquida, por sua vez, cresceu 15,5%, totalizando R$ 2,3 trilhões - equivalente a 55% do Produto Interno Bruto (PIB). Os números fazem parte da 12ª edição do anuário "Valor 1000", que circulará em agosto, quando serão conhecidas as empresas que tiveram o melhor desempenho em 25 setores da economia analisados pela Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (SP), em parceria com a Serasa Experian, num trabalho coordenado pelo Valor Data.

Dos 15 setores que apresentaram redução de lucro, 10 integram o segmento industrial. No conjunto das mil maiores, a redução da última linha do balanço no ano passado foi de 7,6% - de R$ 185 bilhões, em 2010, para R$ 171 bilhões. Em valores absolutos, três setores respondem por 77% das perdas: metalurgia e siderurgia (R$ 3,8 bilhões), química e petroquímica (R$ 3,9 bilhões), papel e celulose (R$ 3,1 bilhões).

O que mais pesou no desempenho desses três setores, segundo o economista Márcio Torres, responsável pela avaliação de risco de grandes empresas da Serasa Experian, foi a variação dos preços das matérias-primas ao longo do ano. No caso do setor de papel e celulose, cujo lucro apresentou o maior recuo de todos (133%), as cotações da celulose caíram 4,1% em 2011, sem que houvesse redução dos custos de produção. O preço do minério de ferro subiu 23,9%, prejudicando as empresas de metalurgia e siderurgia, de um lado, mas, de outro, empurrando para cima os lucros do setor de mineração, que cresceram 22,5%. As empresas de química e petroquímica, por sua vez, sofreram com a alta de 25,3% no preço da nafta.

O endividamento total das mil maiores cresceu 16,6% em 2011 e o endividamento oneroso (aquele em que há crédito dos bancos) aumentou 19,6%. As empresas mais endividadas com os bancos pertencem, pela ordem, aos setores de comércio atacadista e exterior, alimentos, açúcar e álcool e veículos e peças. Em sentido contrário, as empresas de bebidas e fumo reduziram em 22,2% as dívidas bancárias, compensando a menor geração de caixa, o que fez saltar em 31,9% a rentabilidade sobre o patrimônio líquido.

O setor que apresentou o maior aumento no lucro (67,6%) foi o de serviços médicos, embalado pelo nível de emprego e ascensão da classe C. A receita líquida do segmento cresceu 24,3% em 2011. O bom desempenho dos hospitais está associado à expansão dos planos de saúde, cujas operadoras registraram um crescimento de 102,6% no lucro em 2010.