Título: Sem redução de IPI vendas voltam a cair, defende Volks
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 03/07/2012, Empresas, p. B7

Pouco tempo depois de a secretária de Desenvolvimento da Produção do Ministério do da Indústria e Comércio, Heloísa Menezes, dizer ontem, a um pequeno grupo, em Frankfurt, que não haverá necessidade de prorrogar o IPI reduzido para automóveis, o presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall apresentou contas para defender uma posição contrária. Para o executivo, a única maneira de o mercado brasileiro de veículos crescer em torno dos 4% previstos pelo setor será por meio da prorrogação do incentivo fiscal, que inicialmente expira no fim de agosto.

O resultado de vendas em junho animou governo e indústria. E pelo mesmo motivo os dois lados defendem posições contrárias. Schmall explica que as contas que ele fez na noite anterior indicaram que para o mercado de automóveis e comerciais leves superar o recorde do ano passado o volume mensal de vendas precisa ficar em 316 mil unidades até dezembro.

O total é menor que os 340,6 mil carros de passeio e comerciais leves vendidos no mês passado. "Junho não pode servir de referência porque reflete o efeito do IPI reduzido; só vamos conseguir perceber a tendência do comportamento do mercado a partir do resultado das vendas de julho" diz o executivo.

Mesmo assim, segundo ele, a demanda não alcançará esse seu cálculo sem o benefício fiscal. As vendas de carros e comerciais leves cresceram 18% em junho em comparação com igual mês de 2011. Foi o segundo maior volume mensal da história do setor. Schmall lembra que a base de comparação - junho de 2011 - é com um período em que também havia IPI reduzido.

O novo incentivo ajudou a tirar a desvantagem em relação aos últimos meses, lembra, já que até maio, o acumulado de vendas registrava uma retração de 4%. Para ele, a indústria automobilística não deve mais se preocupar com a inadimplência, que "ainda é baixa no setor em comparação com outros bens duráveis". Além disso, o executivo diz que já nota uma melhora na liberação de crédito para financiamento de veículos.

Schmall, que também atua como vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, está em Frankfurt para participar do 30º Encontro Econômico entre os dois países. Segundo ele, a crise na Europa não alterará o plano de investimentos que a Volkswagen preparou para as operações no Brasil. Foi definido um total de R$ 8,3 bilhões em ampliação industrial e renovação de produtos até 2016. Trata-se do maior plano do setor no país e, segundo o executivo, será reanalisado e renovado a cada ano.

Recentemente, a montadora alemã surpreendeu governantes que contavam com o investimento numa nova fábrica no Brasil, onde a empresa já possui três unidades de automóveis e uma de motores. A opção para produzir mais foi por ampliar a fábrica de Taubaté (SP), onde hoje se concentra a produção da linha Gol. "Os problemas de logística no país nos incentivam a dar prioridade à ampliação de uma instalação já existente", explica.

Já em relação às oscilações do mercado brasileiro, que agora reage à custa de incentivo fiscal, o executivo diz o país já tem conhecimento suficiente para superar crises. "Ao contrário da Europa, que age de forma mais lenta, somos, no Brasil, campeões em lidar com crises. Cada vez que o mercado esfria todo o mundo quer parar e começa a reduzir o ritmo. Mas já faz dez anos que eu ouço dizerem que o Brasil vai quebrar", afirmou.

A repórter viajou a convite da Câmara Brasil-Alemanha e Volkswagen