Título: Grupo sul-coreano construirá indústria de soja no MS
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2007, Agronegócios, p. B10

O grupo sul-coreano Kaizen decidiu seguir o caminho contrário ao de outras multinacionais esmagadoras de grãos. A companhia anunciou ontem a construção de uma indústria de processamento de soja no município de São Gabriel do Oeste (MS) e o interesse em instalar um complexo industrial no Estado, com investimento total de R$ 710 milhões.

O grupo - que mantém negócios nas áreas de commodities agrícolas, petroquímica e mineração - importa soja brasileira há dez anos e processa o grão na Coréia do Sul. "A logística de transporte até a Ásia é muito cara. Não vale à pena enviar grandes volumes de produtos com baixo valor agregado", disse André Ishikiriyama, presidente da Kaizen no Brasil. Ele observou que os custos de produção são mais baixos no Brasil.

Ishikiriyama afirmou que a unidade industrial começará a ser instalada neste mês e receberá investimento, com capital próprio, de R$ 64,5 milhões. A esmagadora produzirá farelo e óleo de soja e terá capacidade para processar 600 mil toneladas por ano de grãos. A previsão é inaugurar a unidade em 2009.

"A fábrica será uma espécie de projeto piloto. A intenção é instalar dez módulos industriais em São Gabriel do Oeste e produzir outros itens", disse Ishikiriyama. Ele acrescentou que as primeiras unidades industriais a serem instaladas no Mato Grosso do Sul produzirão itens destinados à indústria alimentícia. Na Coréia do Sul, a Kaizen também produz componentes à base de soja destinados às indústrias farmacêuticas, têxtil e de cosméticos.

Do total a ser produzido, 90% será exportado para a Coréia do Sul e outros países da Ásia e o restante será comercializado no mercado interno, disse o executivo. Conforme Ishikiriyama, a meta do grupo é instalar um novo módulo a cada três anos, elevando o volume de soja processada para 2 milhões de toneladas ao ano. A empresa planeja produzir biocombustíveis no país em uma fase futura, além de outros itens à base de soja. "Também estamos buscando parceiros para produzir no Brasil eletroeletrônicos".

O grupo também realizará um estudo de viabilidade econômica e técnica para a construção de um corredor de exportação que ligue Brasil ao Oceano Pacífico.

Ontem, representantes da Kaizen reuniram-se com técnicos do Ministério dos Transportes em Brasília para discutir o projeto, batizado como Rota Bioceânica. Um estudo preliminar realizado pelo governo do Mato Grosso do Sul aponta que a abertura de um corredor comercial para a exportação de produtos via oceano Pacífico demandará investimentos próximos a R$ 54 bilhões.

Ishikiriyama disse que há outros grupos coreanos interessados em investir no projeto e que espera uma contrapartida do governo brasileiro. "Quando a Kaizen começou a comprar soja do Mato Grosso do Sul, o então governador Zeca do PT apresentou o projeto. Agora vamos discutir a sua viabilidade com o governo brasileiro".