Título: Agrenco fará três fábricas de biodiesel
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2006, Agronegócios, p. B13

Carol Caquejeiro/Valor "O objetivo é principalmente exportar para a Comunidade Européia", afirma Antonio Iafelice, presidente da Agrenco A multinacional Agrenco, com sede no Brasil e na Europa, anunciou a construção de três usinas de biodiesel no país em parceria com cooperativas do Paraná, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. O investimento total será de US$ 100,5 milhões, realizado com recursos próprios e financiamento de instituições internacionais. Juntas, as três usinas terão capacidade para produzir 380 mil toneladas de biodiesel por ano - a maior capacidade de uma empresa privada no Brasil até agora.

No Mato Grosso, a empresa construirá em parceria com a cooperativa paranaense C.Vale uma usina que produzirá 180 mil toneladas de biodiesel por ano, além de uma esmagadora de grãos, em Rondonópolis. Antonio Iafelice, presidente da Agrenco, diz que a matéria-prima adotada nesta unidade será a soja. No Mato Grosso do Sul, a companhia instalará um complexo semelhante, mas com capacidade para 100 mil toneladas por ano. O projeto, desenvolvido em parceria com a Coagri, ficará entre os municípios de Dourados e Maracaju.

No Paraná, finalmente, a Agrenco construirá apenas uma usina, para produzir 100 mil toneladas do biocombustível por ano. A cooperativa parceira no negócio é mantida em sigilo. As matérias-primas a serem adotadas na unidade paranaense serão a soja e o sebo animal. Juntas, as três cooperativas vão reunir 20 mil produtores em torno da Agrenco para ofertar matérias-primas.

"O objetivo é principalmente exportar para a Comunidade Européia", afirmou Iafelice. Ele observou que hoje a UE produz 6 milhões de litros de biodiesel por ano, mas o bloco pretende elevar esse volume para 30 milhões até 2009. Do total a ser produzido nas três novas usinas, entre 20% e 25% será entregue aos cooperados. Outros 20% da oferta será para o mercado interno (76 milhões de litros), e o restante será exportado.

A empresa já fechou contratos de longo prazo com distribuidoras de combustíveis européias para garantir a exportação. O biodiesel utilizará o metanol no lugar do etanol na transesterificação (separação entre o óleo e a glicerina). "É uma matéria-prima abundante, mais barata que o álcool e que permitirá que o nosso produto seja aceito no mercado europeu, que não aceita a rota etílica", afirmou Iafelice. Ele calcula que a Agrenco irá faturar pelo menos US$ 200 milhões por ano com a produção de biodiesel. A expectativa da empresa é que as unidades comecem a operar até novembro de 2007.

A Agrenco fatura no mundo US$ 1,3 bilhão por ano, e espera alcançar US$ 1,5 bilhão no próximo ano. A empresa originou 3,5 milhões de toneladas de soja este ano e espera chegar a 4,2 milhões em 2007. A empresa começou a comercializar soja na Argentina e no Paraguai, para operacionalizar o Porto del Guazu, localizado na Província de Entre Ríos, na Argentina, onde fez um aporte recente junto com a ALL.

Na quinta-feira, a esmagadora de soja norueguesa Denofa (controlada pela Agrenco e pela norueguesa Unikorn) anunciou a aquisição de 60% do capital da polonesa Nagrol, por um valor mantido em segredo. O objetivo da aquisição é reforçar a atuação do grupo na região dos países bálticos. (CB)

A jornalista viajou a convite da Agrenco