Título: Brasileiro confia mais em empresas, diz pesquisa
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2007, Brasil, p. A2

O brasileiro recuperou um pouco a confiança no governo, mas o nível ainda está longe de ser satisfatório. As empresas são as instituições consideradas as mais confiáveis no país, seguidas pela mídia, que recuperou um bom espaço. O nível de confiança nas organizações não-governamentais também é alto, mas perdeu um pouco do fôlego.

Essas são as conclusões gerais para o Brasil de um estudo conduzido pela Edelman, mas o trabalho não se restringe ao país. Para construir seu "índice de confiança", a consultoria entrevistou 3,1 mil líderes de opinião de 18 países. Os resultados do trabalho serão apresentados no fim do mês no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

Na pesquisa deste ano, 28% dos entrevistados do Brasil acreditam no governo, um percentual um pouco acima dos 21% de 2006, mas bem abaixo dos 42% de 2005 e dos 54% de 2004. "O brasileiro mantém um pouco de esperança. A renovação política em alguns Estados ajudou na recuperação da imagem do governo", diz Alexandre Alfredo, vice-presidente da Edelman do Brasil, referindo-se, por exemplo, às trocas de comando na Bahia ou no Rio Grande do Sul.

Com exceção da China, um Estado comunista onde a aprovação do governo está em 78%, os governos não são bem-vistos em nenhuma parte do mundo. Nos Estados Unidos, 38% dos entrevistados dizem confiar no governo. Na Europa (Grã-Bretanha, França e Alemanha), o indicador está em 22%.

No Brasil, 65% dos líderes de opinião confiam nas empresas, um percentual levemente acima dos 62% de 2006. Alfredo diz que os brasileiros têm orgulho de empresas nacionais bem sucedidas como Embraer, Natura, Petrobras ou Pão de Açúcar. "Como o governo faz pouco, os brasileiros esperam que as empresas façam algo pelas comunidades".

As organizações não-governamentais são as instituições mais confiáveis para a maioria dos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, 57% dos entrevistados confiam nas ONGs. Na Europa esse percentual atinge 47%.

No Brasil, a confiança dos cidadãos nas ONGs atingiu 57%, um patamar significativo, mas um pouco inferior aos 60% registrados em 2006. De acordo com o executivo da Edelman, os escândalos de corrupção envolvendo algumas ONGs abalaram um pouco essa credibilidade.

A mídia ganhou um quinhão da confiança do brasileiro. Em 2007, 62% dos entrevistados no país confiam na mídia, diante de 53% de 2006. "No Brasil, a mídia tem papel de polícia, investigando e denunciando", diz Alfredo. Entre americanos e europeus, a confiança na mídia é bem menor: 43% e 25%, respectivamente.

A pesquisa da Edelman também avaliou os setores mais e menos confiáveis. No Brasil, 56% dos entrevistados confiam nos bancos, o percentual mais baixo entre os setores. As campeãs são as empresas de tecnologia, que conquistam a confiança de 82% dos entrevistados.