Título: Exportação de semimanufaturados surpreende e sobe 26,9% em agosto
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2006, Brasil, p. A2

As exportações de semimanufaturados - alumínio, celulose, açúcar e alguns tipos de ferro e aço - tiveram desempenho excepcional em agosto. Na comparação com agosto de 2005, a quantidade exportada por essa categoria de produtos subiu 26,9%, enquanto os preços avançaram 26,7%, conforme dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) divulgados ontem.

Para Fernando Ribeiro, economista da Funcex, "trata-se de um ponto fora da curva", já que as exportações de semimanufaturados vinham apresentando os piores resultados entre as categorias, devido às restrições na capacidade produtiva desses setores. No acumulado do ano, a quantidade e o preço das exportações de semimanufaturados cresceram, respectivamente, apenas 3,1% e 12,6%. Embora não indique uma tendência, a recente alta nas exportações de semimanufaturados foi a que mais contribuiu para a melhora das exportações em agosto.

A quantidade de produtos embarcada pelo Brasil no mês passado subiu 6,4% em relação a agosto de 2005 - percentual inferior à alta de 12,9% nos preços apurada no período. O ritmo de crescimento dos volumes exportados em agosto ficou abaixo dos 9% de julho, mas superior à alta de apenas 2% no primeiro semestre. Ribeiro explica que as exportações de maio e junho foram prejudicadas pela greve dos fiscais da Receita Federal. Já os embarques de julho e agosto estão recuperando essas perdas.

De janeiro a agosto, a quantidade exportada pelo país cresceu 3,6%, enquanto os preços subiram 11,7%. As projeções da Funcex apontam alta entre 3% e 5% no volume exportado em 2006. É uma desaceleração significativa em relação aos 9,3% de 2005 e aos 19,2% de 2004.

As exportações de produtos básicos e manufaturados também tiveram um desempenho um pouco melhor no mês passado, mas a alta não é comparável à de semimanufaturados. Em agosto, o volume embarcado de básicos subiu 4,1% e de manufaturados, 5,2%. No acumulado do ano, a alta é de, respectivamente, 3,5% e 4,1%. Os preços dos básicos subiram 6,2% em agosto e 12,2% no ano. Já as cotações de manufaturados avançaram 13,2% em agosto e 10,6% no ano.

Nas importações, o ritmo de crescimento é liderado pelas quantidades e não pelos preços. Em agosto, em relação ao mesmo mês de 2005, o volume de importações do país avançou 11,6%, enquanto os preços subiram 6,5%. No acumulado do ano, a alta chega a 13,7% nas quantidades e 7,9% nos preços.

Sensíveis à valorização do real, os bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos ou automóveis, são o destaque das importações. Em agosto, o volume importado dessa categoria subiu 93,5%. No acumulado do ano, a alta é de 79,5%. Comparada com esses indicadores, a alta de preços das importações de bens de consumo duráveis é pouco significativa: 6,9% em agosto e 4,2% no acumulado do ano.

Nos demais segmentos, o desempenho também é forte, mas menos impressionante. Em agosto, o volume de importações de bens de capital cresceu 18,8%, o de bens intermediários, 14,2%, e o de bens de consumo não duráveis, 20,3%. Apenas a quantidade importada de combustíveis recuou 14,2% no mês, resultado dos investimentos da Petrobras. No acumulado do ano, a alta do volume importado está em 27,9% para bens de capital, 13,2% para bens intermediários e 9,5% para bens de consumo não duráveis. A quantidade importada de combustíveis recuou 1,4% de janeiro a agosto deste ano.