Título: Estudos sobre danos da radiação à saúde não são conclusivos
Autor: Colombo , Juliana
Fonte: Valor Econômico, 18/06/2012, Empresas, p. B3

Toda vez que se discute a instalação de uma antena de celular, os moradores da vizinhança começam a questionar: afinal, estar próximo ao equipamento faz mal à saúde? A questão, que divide opiniões e fomenta comentários acalorados em páginas da internet é alvo de estudo de diversas instituições internacionais.

No Brasil, há poucos trabalhos sobre o assunto, mas segundo especialistas consultados pelo Valor, não há evidências de efeitos nocivos à saúde que possam ser associados às antenas de celular.

"A principal consequência da instalação desse tipo de equipamento é o efeito térmico", disse o professor Gláucio Siqueira, do centro de estudos de telecomunicações da PUC do Rio. Apesar disso, o aquecimento proporcionado pelas ondas eletromagnéticas da antena estaria muito abaixo do limite imposto pela lei federal que determina os níveis de exposição humana a esse tipo de radiação.

De acordo com o SindiTelebrasil, que representa as empresas do setor de telecomunicações, as operadoras de telefonia móvel também respeitam os níveis apontados como seguros pela Comissão Internacional de Proteção Contra a Radiação Não Ionizante (ICNIRP), órgão ligado à Organização Mundial de Saúde (OMS).

A radiação emitida pelas antenas de celular encaixa-se na categoria de ondas "não ionizantes". Já a radiação batizada de "ionizante", liberada pelo raio X, por exemplo, é amplamente reconhecida como prejudicial à saúde humana.

Ainda que dentro dos padrões estabelecidos por lei, a radiação emitida pelos próprios celulares seria mais prejudicial que a das antenas, afirmou o professor Siqueira. Segundo ele, as torres emitem, em média, entre 10 e 15 watts de energia, que atingem as áreas próximas com centenas de pessoas. O celular emite cerca de 0,2 watt, mas muito próximo a uma única pessoa.

"O crescimento da telefonia móvel e a necessidade de um número cada vez maior de antenas levam grande parte das pessoas a alimentar esse tipo de receio [sobre os riscos das ondas eletromagnéticas]", disse o professor. (BC)