Título: Governador de SP pede permanência de Furlan
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2007, Política, p. A7

Um dos expoentes do PSDB e candidato derrotado à Presidência em 2002, o governador de São Paulo, José Serra, pediu ontem ao ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que continue no cargo. "Gostaríamos que o ministro permanecesse no cargo. E sabemos que depende apenas da vontade dele", disse Serra em um evento de empresários do setor calçadista em São Paulo, no qual Furlan também estava presente.

Serra se definiu como um "crítico da política econômica" do governo Lula, baseada em juros altos e câmbio valorizado, mas afirmou que defendia Furlan por se tratar de um "homem da produção". Em entrevista coletiva no fim do evento, Furlan fez uma brincadeira sobre as declarações do governador. "Quando a oposição pede que alguém fique, tem sempre duas interpretações", disse.

Segundo Furlan, sua permanência ou não no ministério deve ser definida em duas a três semanas. Para uma fonte ligada ao ministro, Lula e Furlan devem conversar sobre o assunto quando viajarem para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Empresários acreditam que o ministro pode abandonar o cargo para dedicar mais tempo à família. Pouco antes das declarações de Serra, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Élcio Jacometti, também pediu a permanência de Furlan.

Apesar dos elogios ao ministro, Serra usou um tom crítico para falar da condições macroeconômicas do desenvolvimento brasileiro. Ele disse que a combinação juros-câmbio é "a pior do mundo" e creditou aos esforços do setor produtivo ao aumento das exportações em 2006.

Ao lado dos governadores de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), Serra atacou o fato de o real "ser a moeda mais valorizada do mundo" - "Essa é a chave, esse é o ponto crítico" - e associou os problemas financeiros enfrentados nos Estados à política do governo federal. O paulista propôs a estadualização do porto de Santos como forma de aumentar os investimentos e "facilitar o comércio exterior".

"O porto de Santos está hoje engasgado, com falta de investimentos, de assoreamento, de uma logística adequada de transportes. Nós acreditamos que o governo do Estado no comando desse processo pode dar um salto importante para facilitar o comércio exterior".

Outro investimento proposto pelo tucano é em um Ferroanel. "Hoje, grande parte da exportação que é feita por trens engasga na Grande SP. Facilitaria o transporte metropolitano e a exportação. Estamos dispostos a ajudar, liderando e coordenando esse processo".