Título: Postura de Chávez não afeta bloco, diz Furlan
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2007, Brasil, p. A4

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, esquivou-se ontem de comentar os impactos para o Mercosul da decisão do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de implantar no país o "socialismo do século XXI".

"Não vejo grandes problemas pano campo do comércio e do investimento. Não avalio a área política", disse Furlan, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta e sexta-feira à reunião de cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro.

As decisões de Chávez de estatizar empresas e mudar as regras do país para se reeleger indefinidamente prometem provocar uma saia justa no evento. A Venezuela acaba de ser aceita no Mercosul e as regras do bloco exigem que seus membros sejam democracias.

Furlan defendeu que a relação comercial entre Brasil e Venezuela é muito positiva e afirmou que o país de Chávez já é um cliente mais importante para as exportações brasileiras do que importantes nações européias como França, Itália e Inglaterra. "A Venezuela se tornou um grande mercado para os produtos industrializados", disse.

O ministro participou ontem, em São Paulo, da abertura da Couromoda, feira do setor calçadista. No evento, os governadores de São Paulo, José Serra (PSDB), de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), e do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) fizeram duras críticas à política macroeconômica. Coube a Furlan defender o governo, lembrando as benesses recebidas pelos calçadista, como linhas de crédito a juros subsidiados e maiores tarifas de importação.