Título: Norte e Nordeste dão fôlego ao comércio e vendas crescem 6,25%
Autor: Salgado, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2007, Brasil, p. A3

Impulsionadas pelas regiões Norte e Nordeste, as vendas do comércio varejista brasileiro cresceram 6,25% entre janeiro e novembro do ano passado. Se não fosse o desempenho dos Estados dessas regiões, o crescimento seria quase 2 pontos percentuais menor, de 4,5%. Em novembro, as vendas no país cresceram 9,22% na comparação com o mesmo mês de 2005, de acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com esse resultado acima das expectativas dos analistas, a projeção de Maurício Moura, economista-chefe da Gouvêa de Souza & MD, para o crescimento do ano subiu do patamar de 5% a 5,5% para uma variação entre 5,5% e 5,8%. "Esse número estará muito atrelado ao desempenho do Nordeste", diz. Segundo ele, não só o aumento da renda foi maior na região - que reúne boa parte da população que recebe Bolsa Família e salário mínimo - como também o efeito da elevação da renda é maior lá. "Como são áreas carentes de consumo, um ganho de renda é diretamente canalizado para compras", diz.

O economista acredita que a recuperação, ainda que marginal, da renda e do emprego em novembro ajudaram no desempenho do varejo. Naquele mês, o desemprego ficou estável em relação a outubro, mas recuou de 9,8% para 9,5% na comparação novembro do ano passado. A renda, ao mesmo tempo, subiu 0,6% em relação a outubro e 5,7% nos 12 meses terminados em novembro do ano passado.

Para 2007, porém, o varejo deverá apresentar expansão menos robusta. Moreira aposta em uma alta de 4% no volume das vendas. Débora Nogueira, economista da Rosenberg & Associados também trabalha com um cenário menos positivo. Ela não acredita que a inadimplência será um motivo de preocupação no curto prazo, mas alerta que as perspectivas são de altas menos vigorosas na renda e no emprego. "Além disso, os números da região Norte e Nordeste também serão mais discretos", completa Moreira.

De acordo com a pesquisa do IBGE, o segmento de equipamentos para escritório, informática e comunicação lidera o crescimento do volume de vendas. Até novembro, a alta foi de 32,25%. Os móveis e eletrodomésticos e os hiper e supermercados também apresentaram elevações de 10,93% e 7,76%, respectivamente, em suas vendas. "O segmento de combustíveis e lubrificantes é o que impede uma evolução ainda maior do comércio", explica Débora. Em novembro, a queda das vendas desse setor foi de 2,58%, o que fez com que ele acumulasse uma perda de 8,33% de janeiro a novembro de 2006.

Apesar do cenário para 2007 ser menos positivo do que o do ano passado, o comércio ainda venderá bem, apostam os economistas. E janeiro começou com uma boa notícia para o varejo. Segundo a Fecomercio, a porcentagem de consumidores com dívidas em atraso ficou em 41%, abaixo dos 43% de dezembro, mas ainda acima dos 39% de janeiro de 2006. Já a porcentagem de pessoas com algum tipo de dívida cedeu de 61% para 58%.