Título: No Estado pivô, projetos em confronto
Autor: Felício, César e Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2006, Política, p. A6

Estado-pivô do escândalo da compra do dossiê da família Vedoin, São Paulo volta a sediar a disputa que joga mais luzes sobre a eleição presidencial de 2010. Caso o tucano José Serra seja eleito ainda no primeiro turno deverá ingressar de imediato na condição de presidenciável do partido, em disputa com o governador mineiro Aécio Neves. Se uma reviravolta der a vitória a Aloizio Mercadante (PT), o eleito poderá postular a herança da candidatura presidencial petista, que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva desfruta desde 1989.

São programas distintos mas não conflitantes que propõem para São Paulo. O de Serra enfatiza uma política de contenção do tamanho do Estado, por meio de parcerias e concessões. O de Mercadante pretende reforçar o aparelho estatal. Ambos pretendem lançar mão de PPPs para projetos de infra-estrutura no Estado.

A relação com o governo federal é que marca a diferença fundamental entre um e outro, na provável hipótese de Lula ser reeleito. Serra pretende marcar posições contrastantes no âmbito político e no econômico, pressionando por mudanças na área de câmbio e juros. Ex-líder de Lula no Senado, Mercadante cultivaria uma relação de aliado.

O diagnóstico da atual situação do Estado preocupa a ambos os lados. A situação fiscal do Estado não é definida como "confortável" por tucanos ligados a Serra. Apesar da ênfase que Alckmin deu ao superávit gerado durante os seis anos de sua gestão, serristas vêem uma "crise endêmica", provocada pela política econômica federal. Os aliados de Mercadante temem que a dívida do Estado cresça, com o reconhecimento de passivos.