Título: Opositores exploram dossiê nas propagandas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2006, Política, p. A9

Na propaganda eleitoral de rádio na manhã de ontem, os candidatos à Presidência da República citaram o caso do dossiê contra candidatos do PSDB para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição e primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto. O presidente, por sua vez, ignorou em seu programa o mais recente escândalo envolvendo membros de seu partido e do governo.

O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, foi o que mais usou o seu tempo disponível no rádio para falar da compra do dossiê. Depois de citar Berzoini e outros petistas envolvidos, o locutor do programa disse que esse "é um verdadeiro caso de polícia" e que todos comentavam a prisão feita pela Polícia Federal "dessa turma do PT, que estava em um quarto de hotel com sacos de dinheiro".

O locutor disse, ainda, que "o dinheiro seria usado para comprar documentos que estavam com o chefe da quadrilha das sanguessugas, aquela do desvio do dinheiro das ambulâncias".

Depois do locutor, Alckmin continuou a falar da compra do dossiê "para prejudicar sua campanha". "De novo tem funcionário suspeito. Tem suspeito na sala do poder", afirmou o ex-governador de São Paulo, completando que "está na hora do eleitor dizer basta".

O programa da candidata Heloísa Helena (P-SOL) também falou do dossiê, mas não de maneira direta. O locutor lançou a pergunta: "Vocês viram a podridão que se tornou o governo Lula?", sentenciando em seguida que "você não pode se conformar".

Depois, o mesmo locutor afirmou que Heloísa Helena "é considerada uma das melhores senadoras de toda a história do Senado", tendo aprovado vários projetos, como o que "obriga o governo a dar creche para crianças com até 7 anos" e o que "renegocia as dívidas de pequenos produtores rurais".

Cristovam Buarque (PDT), que foi ministro da Educação no começo do governo Lula, foi o que mais falou de propostas em seu programa, como a da federalização das escolas, que fará com que "todas as escolas tenham o mesmo padrão".

O candidato à Presidência disse que a federalização vai permitir a criação de empregos, pois a construção de novas escolas vai empregar muita gente nesse setor, sem contar a contratação de professores e de outros segmentos que serão beneficiados com investimentos na educação.

Por fim, o locutor citou brevemente o caso do dossiê, afirmando que "chega de escândalos" e que "quase todos estão envolvidos" - lembrando que "Cristovam tem as mãos limpas".

A propaganda do presidente Lula usou dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) para destacar que "a renda do brasileiro aumentou nos últimos dez anos".

Lula afirmou que "não há dúvida que o emprego cresce no país, mas precisa crescer ainda mais", sem, no entanto, citar detalhes sobre como vai fazer com que a oferta de empregos cresça mais.

"Para aumentar os empregos, primeiro vamos aprofundar algumas medidas na área econômica. E (segundo) continuar grandes projetos que estão em andamento e iniciar outros projetos que já estão delineados. Ou seja, não deixar o país parar, não interromper o que está sendo feito", disse o candidato à reeleição.

Ao final, o presidente disse: "Temos projetos para melhorar ainda mais o que está dando certo e corrigir o que ainda não está bom".