Título: Denise cresce e pode levar Rio à urnas no 2º turno
Autor: Góes, Francisco e Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2006, Política, p. A10

O crescimento vertiginoso da candidatura da deputada federal e juíza Denise Frossard (PPS), centrada no discurso da segurança, colocou um ponto de interrogação em uma das eleições que, até há uma semana, parecia entre as decididas do país, a disputa pelo governo do Estado do Rio de Janeiro.

Na pesquisa Datafolha divulgada na semana passada (dia 20), Sérgio Cabral (PMDB) aparece pela primeira vez com o mesmo percentual de votos da soma dos adversários (43%) e tem, também pela primeira vez, Frossard como sua sombra.

Denise superou o evangélico Marcelo Crivella (PRB) e surge como o novo fenômeno da eleição fluminense. No fim de maio, a candidata do PPS tinha apenas 10% das intenções de voto. Já atingiu 19%.

Para o cientista político Jairo Nicolau, do Instituto Universitário de Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj), da Universidade Cândido Mendes, "está configurada a eleição em dois turnos", com o tempero adicional de uma disputa entre os arquirivais Cesar Maia, prefeito da capital, do lado de Frossard, e o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), correligionário e aliado de Cabral.

Além disso, Crivella já declarou seu apoio à juíza em um eventual segundo turno. Segundo ele, a formação de uma frente de candidatos contra Cabral ficou acertada em uma reunião na casa do deputado federal Alexandre Cardoso (PSB), ainda no período de definição das candidaturas para o primeiro turno.

O analista do Iuperj ainda coloca Cabral como favorito na disputa final, mas não descarta a hipótese de a candidata do PPS repetir o fenômeno Leonel Brizola em 1982.

Na reta final da eleição (era em turno único), o candidato do PDT atropelou o favorito Wellington Moreira Franco, do antigo PDS. "O desafio é a Baixada (Fluminense), como ela fará para entrar na Baixada", avalia Nicolau, ressaltando que Cabral, um carioca de 43 anos que por 8 anos presidiu a Assembléia Legislativa fluminense (Alerj), tem seu eleitorado bem distribuído por todo o Estado. Ele acha ainda que Cabral precisa terminar o primeiro turno com pelo menos 48% dos votos válidos para manter seu favoritismo para a disputa do dia 1º de outubro.