Título: Aliados comemoram vitória
Autor: Feuerwerker, Alon
Fonte: Correio Braziliense, 01/11/2010, Política, p. 4

O acirramento de ânimos entre petistas e tucanos na reta final da campanha deu lugar a reações contidas de ambos os lados depois do anúncio da vitória de Dilma Rousseff (PT). A maioria dos aliados do presidenciável José Serra (PSDB) optou pelo silêncio. Os petistas, por sua vez, anunciam em coro que as diferenças eleitorais serão superadas a partir de hoje e que o governo não perseguirá ninguém. Com o fim das eleições baixa o calor, e a partir de amanhã (hoje) a oposição terá diálogo com o governo, afirmou o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Ainda ontem, os petistas definiram o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um conselheiro eventual no mandato de sua pupila. É Dilma que vai escolher os momentos em que terá Lula a seu lado. Ele não é um obstáculo, não é um peso, é um facilitador, aponta o governador reeleito de Sergipe, Marcelo Déda (PT).

Já o governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), aposta em um governo com mais técnicos e menos políticos. Aliados da presidente eleita apostam em um perfil de gestão diferente do formado por Lula, mas a presença do líder petista será uma constante. Ela é bem diferente do presidente. Ela não tem barba, brinca o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Segundo Bernardo, o governo negocia com o Congresso alterações no projeto de Orçamento que está em análise para incluir propostas apresentadas pela presidente eleita na campanha. Algumas alterações no Orçamento já estão em negociação com os parlamentares, para que compromissos do governo possam estar presentes no Orçamento, informou.

Sobriedade O presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirma que a legenda foi presenteada com a vitória de Dilma. O partido, lembra Campos, foi um aliado de primeira hora. Nós mudamos de patamar. Mas não somos aliados de dar problema. Podemos ajudar na área da Saúde. Com a vitória de Dilma, o PSB espera herdar os ministérios da Saúde e da Educação.

José Gomes Temporão afirmou ontem que sente orgulho de colocar em seu currículo que foi ministro da Saúde no governo Lula. O atual comandante da pasta não quis falar sobre a futura participação na gestão de Dilma, mas alertou que a presidente eleita precisará criar novos caminhos para investir na área. Ainda não foram consolidadas as fontes de receita que serão definidas para custear as melhorias na saúde, afirmou Temporão, referindo-se à criação de imposto semelhante à extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Oposição O senador eleito por Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) divulgou nota elogiando a importância das eleições deste ano. O PSDB se orgulha do candidato e das propostas que apresentou ao país. Estou certo de que, com o tempo, ainda mais brasileiros vão ter consciência do importante papel desempenhado neste pleito. Ao contrário do que pode parecer para muitos, a eleição não se resume a quem venceu e a quem perdeu.

O ex-prefeito Cesar Maia (DEM-RJ), por sua vez, ressaltou que a vitória de Dilma contra Serra foi mais apertada em comparação à eleição de 2006, quando o atual presidente venceu Geraldo Alckmin (PSDB). Em 2006, o Lula venceu o Alckmin por 21 milhões de votos. Agora a Dilma venceu por 11 milhões de votos, lembrou.