Título: Analistas crêem que desaceleração dos EUA não levará à recessão
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Fonte: Valor Econômico, 22/09/2006, Internacional, p. A12

O índice de indicadores antecedentes, uma das medidas acompanhadas mais de perto pelos mercados e que mostra a atividade futura da economia, registrou a mesma queda pelo segundo mês consecutivo. Analistas disseram que a performance pode ser vista como prenúncio de uma desaceleração da economia, e não -pelo menos ainda - como tendência recessiva.

O índice, elaborado pelo Conference Board, registrou um declínio de 0,2% em agosto, depois de apresentar retração similar em julho. Desenhado para prever o desempenho futura da economia, o índice mostra agora declínio nos quatro últimos meses, ilustrando os efeitos sentidos pela economia por causa dos aumentos de energia, de juros e da queda do mercado imobiliário.

"Isso definitivamente é uma desaceleração puxada pela recessão no mercado de construção residencial", disse Allen Sinai, economista-chefe da Decision Economics. "Embora os riscos de uma recessão generalizada tenham crescido, atualmente parece que a economia se dirige para o caminho de um crescimento menor, nada mais grave do que isso", concluiu o economista.

Muitos analistas acreditam que os recentes declínios nos preços da gasolina e de outros produtos de energia vão ajudar a segurar a queda da economia ao dar aos consumidores mais condições de gastar em outros setores que não a bomba de combustíveis. A gasolina, que chegou a ser vendida por mais de US$ 3 o galão, retrocedeu para cerca de US$ 2,50 o galão.

A atividade imobiliária, por outro lado, vem pesando contra a queda dos preços de energia. O governo anunciou nesta semana que a construção de novas casas caiu 6% em agosto, alcançando seu menor ritmo em três anos.

"O declínio no mercado imobiliário é um pouco mais preocupante", disse Christopher Rupkey, economista sênior do Banco de Tóquio-Mitsubishi em Nova York. "A construção de casas parece estar em queda livre."

Rupkey afirma que o crescimento da economia deve desacelerar para algo entre 2% e 2,5% no trimestre que vai de julho a setembro, com a atividade imobiliária sendo responsável pela queda de um ponto percentual em relação ao crescimento da atividade geral.

Economistas dizem que o país deve ser capaz de evitar uma recessão geral, pelo menos enquanto o crescimento do emprego não deteriorar. Em um relatório divulgado ontem pelo Departamento do Trabalho, o número de pessoas se inscrevendo para os benefícios de seguro-desemprego aumentou em 7 mil na semana passada, alcançando um total de 318 mil.

Analistas dizem que esse resultado está perto dos níveis das últimas semanas e, por isso, não indicaria um aumento significativo nas demissões. As empresas cortaram os planos de contratação de pessoal por causa da desaceleração econômica, mas, até agora, não mandaram embora trabalhadores em número preocupante para a média de emprego.

"Creio que estamos em meio a um pouso suave da economia", disse Nariman Behravesh, economista-chefe da Global Insight. "Estamos indo por um caminho relativamente suave. Não creio que vá ficar pior do que isso."