Título: Chile e Japão concluem negociação para um tratado de livre comércio
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2006, Internacional, p. A13

O Japão e o Chile concluíram as negociações de um acordo-base para o estabelecimento de uma zona bilateral de livre comércio. O documento final deve ser assinado no início do próximo ano. Os dois países vinham discutindo um modelo de parceria comercial desde fevereiro. Este será o quinto acordo que o Chile firmará com um país asiático e o primeiro de livre comércio do Japão com um país sul-americano.

Segundo Yoshihiro Higuchi, um porta-voz do Ministério do Exterior japonês, Tóquio planeja anunciar o tratado de livre comércio [TLC] hoje, após aprovação do gabinete de governo.

"Nós concluímos um acordo básico", disse Higuchi. "O desfecho é um reflexo de negociações baseadas em nossa compreensão mútua de que um acordo beneficiaria a ambos os países."

O Japão é um grande exportador de automóveis, auto-peças e eletrônicos para o Chile. Os chilenos exportam para o Japão principalmente cobre, salmão, carne de porco e vinho. Sob o acordo, Santiago reduzirá as tarifas dos produto japoneses - incluindo automóveis e auto-peças - até eliminá-las completamente. O Japão também reduzirá gradualmente as tarifas de salmão, vinhos e outros produtos agrícolas, com exceção de arroz e trigo, itens politicamente sensíveis, segundo Higuchi.

Em 2005, o Japão exportou o equivalente a US$ 888,48 milhões para o Chile - dos quais 63% referentes a automóveis. As vendas foram 33,2% maiores do que o ano anterior, segundo dados do Ministério das Finanças do Japão. Já o Chile, exportou para o Japão no mesmo período o equivalente a US$ 4,83 bilhões - dos quais 55% referentes a minério de cobre e molibdênio, ou 25,1% a mais que em 2004. O molibdênio é usado em amálgamas e quando adicionado ao aço torna-o mais forte e resistente à corrosão.

A imprensa chilena citou ontem estudos preliminares que apontam que, com o TLC, as vendas japonesas para o Chile aumentariam 42% [cerca de US$ 290 milhões] e as chilenas, 15% [cerca de US$ 380 milhões].

O Japão já tem TLCs com Cingapura, México, Malásia e Filipinas. E, ontem, abriu negociações sobre TLCs com seis países do Oriente Médio. O Chile tem tratados em vigor com EUA, Canadá, México, Coréia, América Central e com a Associação Européia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês, integrado por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça). Santiago também já assinou TLCs com Peru e a China e anunciou ontem que fará o mesmo com a Colômbia. Com os países da União Européia e com Nova Zelândia, Cingapura e Brunei, o Chile mantém acordos de associação econômica.

"Nos anos 1990, o Chile, assim como outros países da região e do mundo, abriu suas economias. O passo seguinte foi fazer tratados de livre comércio que fez do Chile uma das economias mais dinâmicas da América Latina", disse ao Valor Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos de Comércio e Negociações Internacionais (Icone). O Chile tem uma economia menos complexa que a brasileira com menos produtos para exportação (cobre, salmão, frutas, vinho), o que facilita a negociação de acordos. "O Chile tem conseguido tirar proveito disso e ampliar sua sua inserção mundial", diz Jank.

(Com agências internacionais)