Título: Vale obtém recomendação do conselho da Inco
Autor: Ribeiro, Ivo e Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2006, Brasil, p. A2

A Vale do Rio Doce venceu mais um obstáculo em sua trajetória para assumir o controle da mineradora canadense Inco, segunda maior produtora mundial de níquel, além de cobre. Sua oferta de US$ 17,7 bilhões à vista obteve ontem recomendação do conselho de administração da Inco aos acionistas da companhia. A direção da Vale está ciente, mas só vai se pronunciar hoje sobre a decisão do conselho da Inco.

"Estamos satisfeitos, pois a oferta de 86 dólares canadenses representa um atrativo valor para nossos acionistas" disse Scott Hand, chairman e principal executivo da Inco. "A Vale é a terceira companhia que fez oferta de compra pela Inco, de um total de seis entre elas desde o início de maio. Cremos que este processo trouxe resultado muito positivo aos acionistas da Inco e recomendamos que eles aceitem a oferta da Vale", afirmou.

A oferta da Vale tem validade até o dia 28 deste mês, a não ser que seja ampliado o prazo final para se obter a confirmação da Inco.

A proposta de compra da Inco pela Vale, anunciada em 11 de agosto, foi formalizada aos acionistas da empresa no dia 13. Na ocasião, dois diretores executivos da mineradora brasileira, Murilo Ferreira e Gabriel Stoliar, foram ao Canadá para entregar às autoridades locais ampla documentação com os compromissos da Vale sobre o futuro da Inco no Canadá.

Na época, a brasileira entrou na disputa com outra duas concorrentes: a canadense Teck Cominco e a americana Phelps Dodge. Em meados de agosto, a Teck Cominco desistiu do embate por ter tido dificuldades de captar recursos no mercado para ampliar sua oferta. Em 5 de setembro, a direção da Inco rompeu o acordo amigável de recomendação que havia firmado com a americana Phelps Dodge. Assim, a Vale ficou só negócio.

Além do valor da oferta da Vale, o conselho e a diretoria executiva da Inco consideram que a Vale representa um atrativo acionista. "Temos grande respeito pela qualidade de seu grupo executivo e pelo que eles conquistaram na companhia", disse Hand. "Assumindo que terá sucesso na aquisição, vamos apoiá-la para assegurar uma integração tranqüila ente as duas companhias e uma bem-sucedida transição para criar a nova líder mundial em mineração e metais."

A Vale obteve, no início de setembro, a aprovação do Canadian Competition Bureau, órgão antitruste canadense e das autoridade concorrência dos Estados Unidos. Mas ainda falta a aprovação do Investment Canada Act, legislação que regula o investimento estrangeiro no país, o que pode atrasar o fechamento da operação.

Segundo relatório da analista de mineração da Merrill Lynch, Andrea Weinberg, a tramitação no órgão legal canadense que trata dos investimentos no país poderá atrasar até o fim de outubro, pois existe a possibilidade de o governo local pedir um prazo adicional de 30 dias para avaliar o negócio. Mas, isso, segundo ela, não significa que a operação deixará de ser aprovada. Andrea prevê que a Vale irá adquirir a Inco pela oferta original.