Título: Em recuperação ou já reprovado?
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Fonte: Correio Braziliense, 09/11/2010, Brasil, p. 10

Justiça determina suspensão do exame em todo o país depois de mais uma edição tumultuada. Ministro tenta reverter decisão

Quando foi concebido, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) era ¿ na pretensão do ministro Fernando Haddad ¿ sua maior contribuição à educação no país. Um conjunto de provas que, além de avaliar o ensino, passaria a ser adotado pelas principais universidades brasileiras em seus processos seletivos.

Na prática, porém, o Enem voltou a decepcionar. Depois dos problemas do último fim de semana, com questões repetidas ou ausentes nos cadernos de provas, troca de cabeçalhos que levou os estudantes ao erro e vazamento de perguntas por meio do Twitter, a Justiça Federal do Ceará decidiu suspender ontem o exame em todo o Brasil, acatando um pedido de liminar do Ministério Público Federal (leia reportagem abaixo).

Ao adentrar o auditório no térreo do Ministério da Educação, para entregar uma lista de explicações a respeito de (novos) problemas no Enem, na tarde de ontem, Haddad tinha plena consciência de que estava se submetendo a novo desgaste. Ele minimizou a quantidade de problemas, que classificou como ¿número relativamente pequeno¿, e já adiantou que o MEC descarta refazer o teste. Em vez de tentar um recurso jurídico, o ministério tentará explicar à juíza federal Karla Maia, autora da decisão, que a suspensão não é necessária e que uma prova extra a quem se sentiu prejudicado é a melhor saída (leia reportagem na página 10).

Além de convencer a Justiça, o ministro provavelmente terá de usar o mesmo poder de persuasão no Congresso. A vice-presidente da comissão de Educação no Senado, Marisa Serrano (PSDB-MS), deve apresentar hoje requerimento convidando Haddad para depor (leia reportagem na página 10).

Independentemente do sucesso ¿ ou não ¿ da imersão do ministro, tanto na Justiça quanto no Congresso, a quem mais interessa uma solução sobra a interrogação. Os alunos prejudicados ainda não sabem como e quando poderão fazer nova prova, e aqueles que se saíram bem e não tiveram qualquer problema lamentam uma eventual anulação do Enem