Título: Mercadante admite que petistas cometeram erros
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Fonte: Valor Econômico, 25/09/2006, Politica, p. A7

O candidato ao governo de São Paulo pelo PT, o senador Aloizio Mercadante, reafirmou ontem que reconhece que a negociação para a compra de um dossiê contra o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, foi organizada por membros do Partido dos Trabalhadores. Mercadante disse não ter relação com o caso e que nunca utilizou meios ilegais para vencer eleições. "Nunca usei dossiê, sempre joguei limpo, concorro com a minha história", afirmou o candidato petista durante comício em Sorocaba (SP), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na semana passada, Mercadante demitiu seu coordenador de campanha, Hamilton Lacerda, que é suspeito de ter tentado divulgar as notícias contrárias ao PSDB em órgãos de imprensa . Caso o nome de José Serra realmente fosse relacionado com irregularidades pela mídia, Mercadante seria um dos principais beneficiários, já que é seu adversário direto.

O senador procurou demarcar distância do episódio. "A militância não pode agir fora do Estado de direito", disse ontem. O candidato petista também reconheceu que o escândalo do dossiê deve causar impacto nas pesquisas eleitorais, mas pediu cautela nas análises. O candidato petista voltou a insinuar que estaria em curso uma manobra para desestabilizar as eleições. Mercadante citou o caso da prisão dos sequestradores do empresário Abílio Diniz nas vésperas da eleição de 1989 como uma estratégia contra a candidatura de Lula à presidência naquele ano.

Na época os sequestradores foram apresentados à imprensa vestindo camisas do Partido dos Trabalhadores, dando a entender que eles eram ligados ao partido. Após a conclusão das investigações ficou provado que não havia a ligação entre os criminosos e o partido. "Mas a gora a situação é mais difícil, os erros foram cometidos por petistas", admitiu.

Mesmo tom foi dado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B), que também participou do comício. Rebelo afirmou que os "magnatas" estão articulados para atingir o governo Lula e impedir sua reeleição. "Forças conspiram para que o povo não decida a eleição", afirmou o deputado do Partido Comunista do Brasil.

Aldo Rebelo voltou a criticar a mídia que, segundo ele, atua em favor dos interesses das classes econômicas dominantes. "Os jornais que criticavam a concessão de férias aos trabalhadores pelo governo de Getúlio Vargas são os mesmos que continuam sendo publicados", afirmou. Para Rebelo " a elite acha que o povo não sabe escolher um presidente da República".

A saia justa do último comício de pequeno porte antes das eleições ficou por conta do senador Eduardo Suplicy, em seu esforço para distanciar-se da crise. Em seu discurso o candidato à reeleição ao Senado disse ter sido perguntado se Lula sabia ou não dos casos de corrupção em seu governo. Depois de dizer que o PT era como uma família e que estava pronto para ajudar aqueles que cometeram erros a voltar a "seguir em uma maneira mais reta", o senador não disse que resposta deu quando foi perguntado se o presidente sabia ou não dos casos de irregularidades. Afirmou apenas que queria ajudar Lula em tudo, inclusive nas questões éticas(Y.B)