Título: Prioridades de todos são segurança, educação e saúde
Autor: Magalhães, Heloisa e Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2006, Política, p. A8

Denise Frossard com a segurança, tema quase monocórdio de sua campanha; Sérgio Cabral, pressionado pelo peso da aliança com o governo atual, planeja "continuar o que está dando certo" e investir no aperfeiçoamento da gestão; enquanto Marcelo Crivella promete um "choque de políticas públicas", reduzindo a máquina administrativa, explorando as vocações econômicas dos municípios e investindo mais nas causas da violência do que na repressão, sem descuidar desta.

A verdade é que os programas de governo, tanto no Rio como no Brasil, mostram-se muito parecidos. Os três candidatos mas votados nas pesquisas de intenção de voto para o governo do Rio, na essência, mais concordam do que divergem. Todos dizem que vão investir em saúde, educação e segurança. Concordam que os programas de transferência de renda - capitaneados no Estado pelo Cheque Cidadão, que distribui mensalmente recursos para compras em supermercados - são importantes, desde que apontem para o futuro e não sejam apenas assistenciais.

O plano de governo de Crivella tem 160 páginas e possui a marca do seu candidato a vice, o jornalista e economista José Carlos de Assis, coordenador do trabalho. Conta também com consultorias ilustres, como a do ex-presidente do BNDES Carlos Lessa e a do filósofo Roberto Mangabeira Unger.

Crivella propõe reduzir a máquina pública, cortando o número de secretarias das atuais 31 para 12. Promete disponibilizar R$ 1 bilhão em recursos federais para a construção de casas populares e multiplicar os restaurantes populares. Valorizar professores e policiais para melhorar a educação e a segurança. Todos os diagnósticos são completados por proposições e metas a alcançar.

Denise Frossard só vai divulgar seu plano de governo nesta semana. Em conversa com o Valor, refutou o foco exclusivo na segurança. Diz que educação e saúde também serão prioridades. Defende o ensino em tempo integral: "Fazem críticas ao Ciep (Centro Integrado de Ensino, com horário integral, criado por Darcy Ribeiro, no governo Leonel Brizola), mas a idéia é essa mesma. O ensino fundamental é responsabilidade dos municípios, mas vamos trabalhar integrados. Àqueles com melhor desempenho vou repassar mais recursos ", diz.

Ela explica que um de seus primeiros passos será reformar a máquina pública e resgatar a autoridade. "Você pode ter o melhor programa do mundo, pode ter o melhor projeto, se não tiver autoridade não vai a lugar algum. Em 1994, assisti uma palestra de (Rudolph) Giuliani. Ele disse que foi promotor do justiça e lutou contra a máfia. Um dia, foi chamado por um partido político. Queriam que concorresse ao governo de Nova York. Ele reagiu, disse que não era seu perfil. Mas retrucaram que a violência era o maior problema da cidade e que ele poderia ajudar. Contou que sentou, estudou, cercou-se dos melhores em cada área e fez o que fez", relata.

O candidato do PMDB, Sérgio Cabral tem a campanha mais estruturada. Ele próprio passou por 100 horas de imersão com cientistas políticos, economistas, especialistas que acabaram colaborando para a montagem do plano de governo de 180 páginas. Promete maior transparência nas contas públicas. "No máximo em 90 dias vou colocar na internet tudo que foi arrecadado e os gastos", diz. E afirma que vai implantar pregão eletrônico em toda máquina estadual e padronizará os contratos de compras. "O Estado arrecada R$ 33 bilhões, sendo que R$ 13 bilhões são gastos com a folha de pagamento e R$ 6 bilhões com custeio. O custeio é absurdo", diz.

Como seus adversários, Cabral promete um "choque de gestão" e uma política fiscal que facilite a vida do setor produtivo. Diz que, em seu governo, empresas com faturamento de até R$ 400 mil contarão com isenção total de ICMS. As que faturam até R$ 2,4 milhões pagarão só 2% sobre o excedente.

No plano, apresenta proposta para desenvolvimento do governo eletrônico e inclusão digital, com destaque para implantação de licitações via internet. O ensino profissionalizante será o foco na Educação. E promete obras de infra-estrutura, como novas etapas do metrô e o arco rodoviário. (HM e CS)