Título: Em Goiás, disputa deve ir para o 2° turno
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2006, Política, p. A9

A eleição para governador em Goiás só deverá ser decidida em segundo turno, segundo constatou pesquisa do Ibope divulgada no Estado pela TV Anhanguera e pelo "Diário da Manhã" neste final de semana. De acordo com o levantamento, o senador Maguito Vilella (PMDB), líder nas pesquisas desde o início do ano, caiu de 47% para 41% nos últimos sete dias, enquanto o seu principal adversário, o governador Alcides Rodrigues (PP) subiu de 32% para 36%. A soma dos demais adversários oscilou de 12% para 11%.

Rodrigues era o vice-governador do tucano Marconi Perillo (PSDB), que se desincompatibilizou para disputar o Senado. Marconi é o grande cabo eleitoral no Estado: na pesquisa deste final de semana, obteve 72% das intenções de voto, contra 10% de seu adversário mais próximo, o pemedebista Ney Moura Telles.

Na eleição goiana, nenhum dos dois grandes blocos políticos do Estado conseguiu manter a coesão no processo eleitoral, o que fez com que tanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto Geraldo Alckmin (PSDB) tivessem que conviver com palanques duplos durante a campanha presidencial.

Maguito Vilella articulou o apoio do PT a seu nome até o último instante. A coligação chegou a ser dada como certa pela cúpula do PT nacional uma semana antes do prazo final para coligações. Mas o impasse em torno do nome do vice na chapa reforçou a ala petista que nunca quis acordo com o PMDB. Uma parte do PT goiano foi próxima a Marconi Perillo, a ponto da candidatura do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ter sido cogitada no começo de 2005 dentro de uma fórmula que poderia unir tucanos e petistas no Estado.

Com a decisão de não fazer a aliança com o PMDB, o partido fechou uma coligação com outras siglas de esquerda e viabilizou a candidatura de Barbosa Neto (PSB) ao governo estadual, em aliança também com o PC do B. O PMDB terminou concorrendo ao governo apenas com o apoio do PDT, que é nanico no Estado.

Entre os aliados de Marconi Perillo, o PFL não aceitou abrir mão de concorrer ao governo estadual para apoiar Alcides Rodrigues, um vice-governador de pouca expressão política até assumir o governo estadual. Depois de vencer dissidências internas, o senador Demóstenes Torrres consolidou a candidatura própria pefelista. Demóstenes está com 6% na última pesquisa e Barbosa Neto, 5%.

No último dia 11, quando esteve em Goiás, Lula participou de um comício ao lado de Barbosa Neto, mas visitou o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB) e disse que faria campanha "com prazer" ao lado de Maguito.Em suas passagens pelo Estado, Alckmin tem privilegiado a companhia de Marconi Perillo, praticamente se afastando da campanha de Demóstenes.

Seguindo o padrão dos outros Estados onde o agronegócio é expressivo, também em Goiás a diferença de votos entre Lula e Alckmin é muito menor do que o total nacional. De acordo com a pesquisa do Ibope, Lula teria 44% dos votos goianos, ante 36% para o tucano, 7% para Heloisa Helena (P-SOL) e 2% para outros candidatos.

Também foram divulgadas novas pesquisas neste final de semana no Rio Grande do Sul, Paraná e Maranhão, sem alterações do quadro eleitoral. No Rio Grande do Sul, em sondagem publicada no jornal "Correio do Povo", Germano Rigotto (PMDB) e Olivio Dutra (PT) continuam os favoritos para ir ao segundo turno, com a tucana Yeda Crusius (PSDB) próxima ao petistas. Rigotto conta com 29,2%, Olivio com 23,4% e Yeda com 19,7%. No Paraná, com 47%, Roberto Requião (PMDB) está quatro pontos percentuais à frente da soma de seus adversários, pelo Ibope. No Maranhão, Roseana Sarney obteve 47% em pesquisa da Toledo &Associados e seus adversários somados alcançam 37,4%.