Título: Petrobras entra no Uruguai com a compra da Conecta
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 22/12/2004, Empresas, p. B6

A Petrobras fincou o pé no Uruguai comprando, por US$ 3,2 milhões, os 55% detidos pelo grupo espanhol Unión Fenosa no capital votante da Conecta, distribuidora de gás e GLP. Com faturamento anual de US$ 2,7 milhões, a Conecta tem uma rede de gasodutos de 300 quilômetros e concessão para atender clientes de pequeno e médio porte, incluindo residenciais, em todo o interior do Uruguai. Para entrar no capital da Conecta, a Petrobras comprou duas empresas da Unión Fenosa detentoras das ações da distribuidora: a Gaufil, que tem 30% da Conecta, e a Lufirel, com 25%. O outro sócio, com 45% do capital votante, é a estatal uruguaia Administración Nacional de Combustibles Alcohol y Portland (Ancap). O gerente executivo de negócios da Petrobras no Cone Sul, Décio Oddone, explicou que o objetivo da empresa é participar desde o início do crescimento do gás na matriz energética do Uruguai, país que importa todos os derivados de petróleo que consome. O Uruguai só passou a ter gás em 2001, depois da construção do Gasoduto Cruz del Sur, da BG, Pan American Energy, Ancap e Wintershall, ligando o país à Argentina. "Estamos apostando no crescimento do mercado de gás no Uruguai, onde o consumo é muito recente, e nos posicionamos para que a Petrobras esteja presente quando o mercado do Uruguai começar a crescer", explicou o diretor da estatal. Atualmente, o maior fornecedor de gás para o Uruguai é a Petrobras Energía, subsidiária da estatal brasileira na Argentina. Mas com a crise de energia no país vizinho, quando os argentinos reduziram as exportações de gás, os governos do Uruguai e da Bolívia, que têm as maiores reservas do Cone Sul, podem vir a negociar um contrato. O Uruguai é um mercado novo para os produtores e comercializadores de gás que oferece grandes sinergias para a Petrobras. A estatal brasileira tem reservas de gás na Bolívia e na Argentina e gasodutos nos dois países, que podem se interligar à rede brasileira, como projeta o governo brasileiro. Atualmente, o consumo de gás pelos cerca de 4,2 mil clientes da Conecta é de 70 mil metros cúbicos, mas a Petrobras estima que esse número representa apenas 10% do mercado potencial daquela área de concessão. Ela não atende a capital Montevidéo, onde a concessão é da empresa Gaseba, que tem como sócios a Ancap e a Gas de France. As vendas de gás da Conecta são ainda incipientes até para os padrões brasileiros. A Gas Brasiliano, por exemplo, distribuidora novata que vende o menor volume de gás do país já que comprou uma das concessões para o interior de São Paulo, comercializou em outubro 285,8 mil metros cúbicos de gás por dia. Já a CEG, do Rio, comercializou cerca de 5,19 milhões de metros cúbicos naquele mês, enquanto as vendas da Comgás foram de 11,4 milhões. Com essa aquisição, que ainda será formalizada, o Uruguai será o oitavo país no Cone Sul com presença da Petrobras, que também tem ativos na Argentina, Bolívia, Venezuela, Peru, Equador e Colômbia, além de atuar no México como prestadora de serviços para a Pemex.