Título: Governo não consegue alongar prazos
Autor: Rodrigo Bittar
Fonte: Valor Econômico, 22/12/2004, Finanças, p. C5

O governo não vai conseguir enquadrar a dívida pública interna aos prazos estabelecidos no Plano Anual de Financiamento (PAF), afirmou o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, José Antônio Gragnani. Ontem, em balanço sobre a administração da dívida em 2004, ele considerou um "sucesso" o resultado obtido na composição da dívida, mas afirmou que as projeções relativas ao prazo não serão cumpridas em 2004, mas o objetivo será renovado para 2005. "Quanto mais conseguirmos alongar o prazo médio e alongar as emissões de prefixados, teremos maior previsibilidade no estoque da dívida, mas isso leva tempo", disse. "Em relação a 2003, a situação é muito melhor, mas devemos continuar trabalhando nisso, e melhorar também a composição", acrescentou. Em novembro, último dado disponível, a parcela da dívida com vencimentos de curto prazo (até 12 meses) correspondia a 45,51% do estoque total, patamar mais de 10 pontos percentuais acima da meta do PAF, que era fechar o ano com uma parcela com vencimento em 12 meses de 30% a 35% do total da dívida. Já o prazo médio da dívida fechou o mês passado em 28 meses, mas também está bastante descolado do PAF (que previa fechar o ano entre 34 a 38 meses). O secretário destacou que o "primeiro passo" definido pelo governo na administração da dívida interna em títulos era reduzir expressivamente a parcela atrelada ao câmbio. Isso foi alcançado, uma vez que em dezembro de 2002 a parcela cambial da dívida pública era de 22,38% - sem levar em consideração as operações de troca (swap) - e fechou novembro de 2004 em 5,80%, enquanto o PAF define um intervalo entre 5% e 7% do estoque. O "segundo passo", na visão do secretário, era reduzir a participação dos papéis remunerados pela taxa Selic. Nesse caso, também houve desempenho favorável, embora tímido, uma vez que a participação dos papéis relacionados à Selic caíram de 60,83% em dezembro de 2002 para 58,36% no mês passado. Gragnani também anunciou a transferência de Ricardo Moura, funcionário do Banco Central, para o posto de coordenador-geral da dívida externa, na Secretaria do Tesouro. Moura assume o cargo em 1º de janeiro, pois no próximo dia 31 termina o prazo