Título: Ex-desafetos ferrenhos unem-se contra prefeito
Autor: Serodio,Guilherme ; Moura , Paola de
Fonte: Valor Econômico, 04/07/2012, Política, p. A7

Dois ferrenhos adversários estarão unidos na eleição deste ano: o deputado federal e ex-governador Anthony Garotinho (PR), eleito em 2010 com 700 mil votos, a maior votação do Estado do Rio, e o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que governou a cidade do Rio por três mandatos, dois deles consecutivos. O passado dos dois é marcado por xingamentos e ameaças de processos de lado a lado.

Nos últimos meses, a dupla forjou uma união considerada, até então, improvável, batizada de Aliança Republicana e Democrática, juntando as palavras que dão nome aos seu partidos. Acordaram formar a chapa encabeçada pelo deputado federal Rodrigo Maia (DEM), filho do ex-prefeito, e a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), filha do ex-governador, como candidata a vice.

Enquanto no quadro nacional os dois partidos estão em lados opostos - o PR faz parte da base de apoio do governo da presidente Dilma Rousseff e o DEM é oposição -, no Rio, eles se juntaram para combater um inimigo comum. Cesar Maia e Garotinho esperam conseguir unir suas massas eleitorais para levar a eleição ao segundo turno.

O problema, segundo especialistas, é que o nome de um provoca rejeição na base eleitoral do outro e vice-versa. Em um evento no Rio, em fevereiro deste ano, em que os dois políticos se apresentaram juntos publicamente pela primeira vez, foram ouvidas vaias dos correligionários de Garotinho contra Maia. Foi necessária a intervenção de Rosinha Garotinho (PR), ex-governadora e atual prefeita de Campos, para que as agressões cessassem.

"Isto é como a intersecção matemática dos conjuntos. Há os que ficam no meio e aceitam os dois e há aqueles que permanecem apenas em seus balões e não mudam de posição", compara o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisas Sociais (IBPS), Geraldo Tadeu Monteiro.

"A candidatura de Rodrigo Maia ainda é uma incógnita. Apesar do apoio do pai e de Garotinho, ele nunca foi testado em uma campanha majoritária e também não tem o carisma dos dois", diz o cientista político Ricardo Ismael.

Para ele, a candidatura traz porém a oportunidade de testar a popularidade dos dois caciques veteranos para a disputa ao governo estadual em 2014, quando vão enfrentar o candidato do governador Sérgio Cabral, o vice Luiz Fernando Pezão. "O Garotinho precisa de uma repaginada. Ele tem uma rejeição enorme na cidade e deve aproveitar para se aproximar um pouco mais do eleitor carioca".