Título: Dirceu contraria expectativas e evita politização
Autor: Prestes , Cristine
Fonte: Valor Econômico, 04/07/2012, Especial, p. A12

Aconselhado a assumir a própria defesa, são remotas as possibilidades de o ex-ministro José Dirceu subir à tribuna do Supremo Tribunal Federal (STF) como advogado no julgamento do mensalão. Dirceu só deve considerar essa possibilidade se achar que será condenado, o que não ocorre no momento. Para sua absolvição, acha mais producente uma defesa técnica.

O ex-ministro e seu advogado acham que não há prova no processo suficiente para condená-lo. E, enquanto existir a expectativa de absolvição, a estratégia é não "fazer marola", como seria a politização do julgamento.

A perspectiva de ver Dirceu na tribuna do STF só existe num quadro em que o ex-ministro avalie que já está condenado, para fazer um libelo político.

São muitos os amigos que aconselham Dirceu a assumir sua defesa. Esses amigos avaliam que ele está muito "quieto", quando deveria se expor mais na sua defesa. Essa não é a tese dos profissionais a seu redor.

O próprio Dirceu tem no currículo uma experiência traumática de "enfrentamento". Quando voltou à Câmara, em 2005, saído da Casa Civil da Presidência, e deixou que uma claque petista tomasse conta das galerias com o provocativo slogan "José Dirceu/É meu amigo/Mexeu com ele/Mexeu comigo". Dirceu, que também fez um discurso de alta octanagem política na ocasião, teve o mandato cassado pela Câmara. Há indícios de que Dirceu mudou, de lá para cá.

Aos 63 anos, o combatente, ex-deputado e ex-ministro preferiu se cercar mais de profissionais do mercado do que de militantes do PT para cuidar de sua defesa. Seu maior interesse é a absolvição no Supremo.