Título: Tavares de Melo planeja abrir capital
Autor: Mandl, Carolina e Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2006, Agronegócios, p. B12

A exemplo da Cosan, que abriu o capital para facilitar o financiamento de sua expansão no setor sucroalcooleiro, o grupo pernambucano Tavares de Melo pretende trilhar o mesmo caminho.

"O setor cresce a uma velocidade muito alta. Para uma maior expansão, teremos de passar ou pelo lançamento de ações em bolsa ou pela fusão com alguém do setor", afirma Carlos Tavares de Melo, diretor-presidente do grupo. A opção por uma das duas modalidades se dará ainda neste ano.

O grupo calcula que seus planos de expansão irão consumir mais de R$ 600 milhões, sendo que a maior parte disso será aplicado no crescimento fora do Nordeste. "O Mato Grosso do Sul é a bola da vez. Apesar de distante dos portos, o preço e a qualidade das terras têm atraído muitas empresas", afirma Tavares de Melo.

A etapa inicial dos investimentos usará linhas de financiamento de bancos de fomento e recursos em caixa. O grupo calcula que consumirá R$ 330 milhões para aumentar a capacidade da unidade Maracaju, no Mato Grosso do Sul. O processamento passará das atuais 1,8 milhão de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra.

Depois, o mesmo volume de recursos será usado para ampliar a usina Passatempo, também no Mato Grosso do Sul. A partir dessa etapa, o diretor-presidente calcula que o grupo já precisará da entrada de novos sócios na companhia para se financiar.

O maior projeto de expansão do Tavares de Melo se dará no município de Sidrolândia, onde o grupo comprou uma área de cerca de 10 mil hectares. Essa cidade fica no meio do caminho que liga as usinas Passatempo e Maracaju.

"O objetivo é formar um grande pólo na região, com capacidade de moer 20,5 milhões de toneladas", afirma Tavares de Melo. Os investimentos nessa nova unidade ainda não estão definidos.

No Nordeste, onde o grupo tem as usinas Giasa (PB) e Estivas (RN), o foco é aumentar a produtividade. Enquanto no Centro-Oeste se produz 95 toneladas de cana por hectare, no Nordeste são feitas 60 toneladas por hectare. "Queremos alcançar pelo menos 72 toneladas por hectare", diz.

Tavares de Melo afirma que não pretende parar de investir em expansão em sua região de origem. "No Nordeste, o custo de exportação é o menor do país. Além disso, o mercado consumidor local para açúcar é gigantesco". Na região, o grupo tem forte participação no varejo com a marca Estrela.

Segundo ele, os nordestinos levam vantagem sobre os recentes investidores do setor por estarem trabalhando em um local mais adverso. "Os grupos do Nordeste, contudo, precisam ter boa gestão para conseguir atrair o capital suficiente para acompanhar o ritmo de crescimento do setor", afirma.

Para se preparar para a entrada de novos sócios, o grupo promoveu mudanças em sua estrutura societária. Antes empresas independentes, as quatro usinas do grupo se transformaram em filiais da Tavares de Melo Açúcar e Álcool. O objetivo é conseguir uma maior racionalização dos processos administrativos. (CM)