Título: Dólar sobe 1,6% e retoma a linha dos R$ 2
Autor: Campos , Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 04/07/2012, Finanças, p. C2

O dólar até tentou um novo pregão de baixa, o quarto seguido, mas esbarrou no Banco Central (BC), que se utilizou do verbo e não de swaps, leilões de linha ou atuações no mercado à vista para balizar o mercado.

Em entrevista a uma agência de notícias, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Aldo Mendes, disse que a retomada dos leilões de compra de dólar é uma possibilidade que está sempre em aberto e que os dados fracos sobre a produção industrial sugerem um dólar acima dos R$ 2,0.

As declarações chegaram às mesas de operação por volta das 11 horas, no mesmo momento em que o mercado lidava com um evento controverso. Correu pelas mesas que um "dedo gordo" tinha digitado preço errado para o dólar futuro, o que levou a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) a lançar um leilão em função da elevada variação de preço. O contrato futuro saiu de baixa para uma alta de mais de 1,8%.

Enquanto alguns operadores citam a operação com preço equivocado no dólar futuro, outros acreditam que a puxada de preço foi intencional e uma resposta à fala do diretor do BC.

O que é fato é que o dólar fechou o dia com alta superior a 1,5% e retomou a linha dos R$ 2,0.

A moeda tinha caído mais de 4% nos últimos dois pregões, saindo de R$ 2,01 para R$ 1,98 em meio à melhora de humor externo, briga de comprados e vendidos na BM&F e uma oferta de US$ 6 bilhões em swaps.

Depois de começar o dia em baixa e fazer mínima a R$ 1,979 (-0,40%), o dólar comercial terminou o pregão com alta de 1,61%, a R$ 2,019. Na máxima, a moeda foi a R$ 2,02 (+1,66%).

Na BM&F, o dólar para agosto subiu 1,50%, a R$ 2,026. O contrato fez mínima a R$ 1,988 (-0,40%) e máxima a R$ 2,0335 (+1,88%).

Para um operador, a fala do diretor do BC tenta corrigir a forte queda de preço do dólar nos últimos dias, evento que contou com "ajuda" da própria autoridade monetária que ofertou um volume grande de dólares no mercado futuro via operações de swap.

Na quinta-feira foram colocados US$ 3 bilhões em swaps. Tal volume foi repetido na sexta-feira, com a diferença de que o dólar já estava em movimento de baixa devido à melhora de humor externo que pautou o dia.

De acordo com outro agente, mesmo com o BC falando que não existe meta para taxa de câmbio, fica cada vez mais explicita a existência de uma banda informal, que agora mostra piso em R$ 2,0 e teto em R$ 2,10.

O BC não atua na compra de dólares desde o dia 27 de abril. E desde 18 de maio, a autoridade monetária vem ofertando swaps cambiais, que equivalem à venda de dólar no mercado futuro.

Olhando para a BM&F, a movimentação foi firme entre o fim de junho e a abertura do mês.

Os bancos venderam mais de US$ 4 bilhões e abrem julho com um estoque vendido de US$ 24,195 bilhões, um dos maiores já registrados.

Os estrangeiros compraram, e apresentam estoque de US$ 5,737 bilhões. Os fundos também tomaram contratos de dólar e cupom cambial e têm US$ 16,462 bilhões em estoque, também um dos maiores já vistos.

Essas posições são apenas uma forma de exposição cambial. Os agentes também operam com opções e no mercado de balcão. E os bancos detêm dólares à vista.

Nos juros, a queda da produção industrial não foi suficiente para segurar as taxas em baixa em um dia de baixo volume.

Com prêmios já bastante deprimidos, o investidor optou por embolsar lucros, o que resultou em leve alta nas taxas longas.