Título: Sistema pode detectar sinais de informação privilegiada
Autor: Pavini, Angelo
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2006, EU & Investimentos, p. D1

Um dos filtros usados pelos fundos quantitativos para dar a palavra final em uma aplicação é, por incrível que pareça, contra informações privilegiadas. Segundo Marcello Paixão, da Princípia Capital Management, o fundo tende a operar menos próximo da divulgação de resultado das empresas. "Perto dos resultados, as ações das empresas tem um padrão de comportamento difícil de ser compreendido", diz. Em outros casos, o modelo detecta os sinais da informação privilegiada e tira proveito. "Infelizmente, no Brasil, ainda é comum termos 'insider information', não se sabe como, e o modelo captura a tendência, entramos na tendência indicada para o papel sem saber e, dias depois, sai a explicação", afirma ele.

O fundo tem um desempenho bem diferente da média do mercado, o que significa que ele serve de opção para diversificação, afirma Paixão. Desde a criação, em junho de 2004 até 21 de setembro, o fundo acumula rentabilidade de 119% do CDI. "Uma das características principais é não estar sujeito ao cenário e aproveitar oscilações bruscas de tendência", diz.

Outro fundo que não opera com ações de empresas que estejam para divulgar resultados é o Pátria Hedge. A carteira era um fundo macro e passou a usar modelos quantitativos para definir aplicações e atua, além de ações, com juros e câmbio. "Temos um alerta no nosso sistema que, quando uma empresa está para divulgar resultado, paramos de negociar aquela ação", diz Luís Fernando Lopes, sócio da Pátria Hedge Funds. Segundo ele, o motivo é o mesmo: risco de informações privilegiadas que influenciem o comportamento das ações, aumentando a possibilidade de perdas para o fundo.

Os fundos quantitativos identificados pelo Valor somavam em 21 de setembro, segundo o site Fortuna, R$ 578 milhões de patrimônio, com uma captação de R$ 76 milhões no ano e resgates de R$ 7 milhões em setembro.

Dois fundos deixaram de operar este ano, o Fidúcia Quant, da Fidúcia Asset Management, que encerrou a carteira em fevereiro, e o Orbix Global CTA, da Orbix Capital, encerrado em maio. O Orbix era um fundo de commodities que operava com tendências e modelos matemáticos em diversos mercados como petróleo, produtos agrícolas e moedas no Brasil e em vários países. O fundo usava o sistema dos CTAs americanos, mas esbarrou nas dificuldades operacionais do mercado brasileiro, que prejudicaram seu desempenho. (AP)