Título: Embraer, Natura e Tata fazem suas apostas em centros tecnológicos
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2006, Empresas, p. B3

Na corrida dos parques tecnológicos paulistas, duas cidades saem na frente. Uma delas é Campinas, que neste mês deve finalizar o plano diretor de seu projeto, que inclui a redução das alíquotas de IPTU e ISS para atrair empresas. Uma das primeiras empresas a entrar no parque foi a indiana Tata Consultancy Services (TCS), que montou um centro de desenvolvimento e manutenção de sistemas com 220 consultores. "Pesquisamos diversas cidades e Campinas foi escolhida por ser um local estratégico, está numa região que responde por 9% do PIB e 17% da produção industrial de todo o Estado", diz Sérgio Rodrigues, presidente da TCS Brasil.

A criação do novo centro faz parte do projeto da empresa para a América Latina, região em que pretende investir cerca de US$ 10 milhões nos próximos dois anos. Outro nome que também já marca presença ao redor da Unicamp é a Natura, que montará seu centro de pesquisas no entorno.

O maior salto dado dado até agora pelos parques paulistas, no entanto, pertence a São José dos Campos. No último mês, a cidade fechou acordo para que suas instalações recebam o centro de desenvolvimento de tecnologia aeronáutica da Embraer. Para tanto, a prefeitura comprou uma antiga fábrica da Solectron, cuja área total soma 220 mil metros quadrados. O projeto, que envolve a parceria do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), terá investimentos de US$ 100 milhões em três anos, segundo Marco Antônio Raupp, gestor do parque de São José.

O projeto prevê a criação de um centro de realidade virtual para simulação de vôo e desenvolvimento de tecnologias de visualização. O custo do laboratório é de aproximadamente US$ 1 milhão. Outra unidade prevista é um laboratório para estudar nova tecnologias como materiais metálicos mais leves e fibras de carbono. O valor do projeto, que deve ter início no meio do ano que vem, é estimado em US$ 15 milhões.

Ainda neste ano, comenta o vice-presidente de engenharia e desenvolvimento da Embraer, Satoshi Yokota, o parque de São José começa a hospedar um programa de especialização de engenharia aeronáutica que a empresa oferece para alunos recém-formados. "Devemos treinar cerca de 300 profissionais", diz.

Na cidade de São Carlos, é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que tende a orientar os demais empreendedores que se fixarão no parque tecnológico. O impasse da cidade, porém, é o mesmo enfrentado por Ribeirão Preto, que no momento negocia com proprietários de terras as áreas onde serão implantados seus parques.

Ironicamente, a cidade mais atrasada de todo o projeto é a capital paulista. O que se sabe até agora é que a região do Jaguaré, vizinha do campus principal da Universidade de São Paulo, é a mais cotada para receber as instalações do projeto. A idéia é fechar uma área que atualmente concentra um grande número de galpões e fábricas desativadas. O estudo para avaliar a região será encomendado nos próximos dias. Segundo Carlos Pacheco, um dos coordenadores do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, o prédio que hoje é ocupado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, no bairro do Jaguaré, deverá ser a sede do parque tecnológico da capital. (AB)