Título: Patrus ganha apoio do PSD e do PMDB; Lacerda, do PV
Autor: Lima , Vandson
Fonte: Valor Econômico, 05/07/2012, Política, p. A8

O rompimento da aliança entre PT e PSB em Belo Horizonte (MG) provocou uma reviravolta no cenário eleitoral da cidade, que ruma agora para uma disputa polarizada pelas duas siglas e com impacto direto nas pretensões de possíveis candidatos à sucessão presidencial de 2014.

Um dia depois de abdicar à vaga de vice do prefeito Marcio Lacerda (PSB) - que disputará a reeleição - e anunciar candidatura própria encabeçada pelo ex-ministro de Desenvolvimento Social Patrus Ananias, o PT conseguiu os apoios de PMDB e PSD - este último estava na coligação que apoiava Marcio Lacerda. O PSB, por sua vez, anunciou aliança com o PV.

O PMDB indicou para a vice da chapa petista o ex-deputado federal Aloisio Vasconcelos. Com isso, o partido retirou a candidatura a prefeito do deputado federal Leonardo Quintão, cujo vice seria o ex-deputado federal Mário Heringer (PDT). Quintão era uma opção considerada para o posto de vice, mas sua proximidade com Aécio pesou contra.

O partido também fechou acordo com o PSD, conforme confirmou ao Valor o presidente estadual da legenda, Paulo Simão. A sigla estava na coligação que apoiava Lacerda. O prefeito de São Paulo e presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, foi a Brasília ontem à noite tratar da costura. "A direção nacional respeitou a posição local, mas entendeu que a decisão era da instância superior porque a eleição ficou federalizada", afirmou Simão. O PSD comanda a secretaria de Gestão Metropolitana em Belo Horizonte com o deputado Cássio Soares. O PT espera agora trazer para a coligação o PRB.

Nos bastidores, petistas falavam na hipótese de retaliação. O partido poderia aproveitar o ensejo para retirar das mãos do PSB o Ministério da Integração Nacional e oferecê-lo aos pemedebistas de Minas.

A ruptura em Belo Horizonte é a terceira registrada entre PT e PSB em capitais - Fortaleza (CE) e Recife (PE), hoje governadas pelos petistas, foram as outras - e a leitura no PT é que tais movimentos prenunciam o desejo do presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em concorrer à sucessão presidencial já em 2014.

Antes garantido na vice de Lacerda, o PT saltou da barca governista quando o PSB renunciou à promessa de fazer coligação entre os dois partidos também na chapa de vereadores, conforme estava acordado.

Lançado candidato há menos de duas semanas, o deputado estadual Délio Malheiros (PV) renunciou e aceitou a vaga de vice de Lacerda. O anúncio contou com a presença do prefeito e do secretário de governo de Minas Gerais, Danilo de Castro (PSDB), principal articulador do senador Aécio Neves (PSDB). A costura representa uma vitória do ex-governador - Malheiros seu é aliado de primeira hora. PSB e PSDB partem agora para tentar convencer outro candidato, o deputado federal Eros Biondini (PTB), a desistir da candidatura e se aliar à chapa. A princípio, Lacerda colocou seu ex-secretário de Governo Josué Valadão (PP) na vaga de vice, mas aliados cobraram a indicação de um nome de mais peso político.