Título: Investimento cresce apenas 2% no primeiro semestre
Autor: Marchesini , Lucas
Fonte: Valor Econômico, 05/07/2012, Especial, p. A14

O ritmo de crescimento dos investimentos pagos pelo governo federal no primeiro semestre ainda continua tímido em relação ao mesmo período do ano passado. Esses investimentos (orçamento do ano mais restos a pagar) totalizaram R$ 18,9 bilhões no acumulado dos primeiros seis meses do ano, o que representa um aumento de apenas 2,1% em relação a 2011, sem considerar o programa Minha Casa, Minha Vida. Em junho foram pagos R$ 4,647 bilhões, o maior valor do ano. A situação mais preocupante continua sendo a do Ministério dos Transportes.

Os dados foram pesquisados no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) e repassados ao Valor pela ONG Contas Abertas. Os números, que estão corrigidos pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), ainda podem sofrer pequenas alterações.

Apesar da ligeira aceleração dos pagamentos no mês passado, o desempenho ainda está aquém do que deseja o governo federal. Nos últimos meses, a área econômica tem reforçado o discurso sobre a necessidade de ampliar os investimentos para obter um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 superior aos 2,7% registrados no ano passado.

O Ministério dos Transportes pagou R$ 3,597 bilhões em investimentos neste ano, o que representa uma queda de 41,1% ou o equivalente a R$ 2,5 bilhões em relação ao ano passado. Dessa diferença, R$ 2,1 bilhões são de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A autarquia quitou R$ 3,2 bilhões em investimentos neste ano, ante R$ 5,3 bilhões em igual período de 2011 - uma queda de 39,2%. Já a Valec desembolsou 32,9% a menos entre os primeiros semestres de 2012 e 2011, passando de R$ 506 milhões para R$ 339 milhões.

O Ministério das Cidades pagou R$ 1,422 bilhão, valor 8,25% menor do que o R$ 1,550 bilhão no mesmo período de 2011. Esse valor não contempla o programa habitacional Minha Casa Minha Vida. O Ministério da Educação (MEC) e o da Saúde são pontos fora da curva, com um aumento expressivo dos investimentos pagos nas duas pastas.

O MEC elevou os pagamentos de R$ 2,777 bilhões no primeiro semestre de 2011 para R$ 4,606 bilhões no mesmo período deste ano. Já a Saúde aumentou em R$ 626 milhões os seus pagamentos, saindo de R$ 1,138 bilhão para R$ 1,764 bilhão.

Os dados do Tesouro Nacional disponíveis até maio mostram pagamentos superiores aos apurados no levantamento do Contas Abertas. Segundo o governo, R$ 26,2 bilhões foram pagos no acumulado de janeiro a maio, o que representa uma alta de 30,2% ante o realizado em 2011 (R$ 20,2 bilhões). A distorção se deve ao fato de que o Tesouro Nacional passou a considerar neste ano a despesa com subsídios do "Minha Casa" como investimento - antes era classificado como custeio. O principal programa habitacional do governo federal desembolsou R$ 8,3 bilhões em subsídios nos cinco primeiros meses do ano, ante R$ 2,5 bilhões no mesmo período de 2011. Colaborou Edna Simão, de Brasília)