Título: Lorenzetti chefiou toda operação, diz ex-diretor do BB
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2006, Política, p. A10

O ex-diretor de gestão de risco do Banco do Brasil, Expedito Veloso, confirmou que a "operação dossiê" foi inteiramente chefiada por Jorge Lorenzetti - o "churrasqueiro de Lula" -, agindo como interlocutor de Ricardo Berzoini, presidente do PT e coordenador da campanha de reeleição até semana passada.

"Toda vez que fui chamado para conversar sobre esse dossiê em Cuiabá, fui convidado pelo Lorenzetti", contou. Mineiro de Porto Fino, Veloso deu uma entrevista exclusiva ao jornal "O Tempo", de Belo Horizonte. Na entrevista publicada ontem, Veloso informou que só Lorenzetti conversava com Berzoini. "Só não sei dizer se o Lorenzetti abria todo o jogo com o Berzoini, se falava de dinheiro, da documentação comprometedora."

Questionado sobre o fato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter ou não conhecimento da operação, Veloso não foi enfático. Seu "feeling" pessoal, disse ele, é de que Lula não sabia de nada.

Veloso declarou que não foi responsável pela montagem do dossiê e sim pela análise dos documentos: "Eu fazia o trabalho político-técnico do dossiê. Fui lá (em Cuiabá) avaliar o conteúdo técnico da documentação e o suposto proveito político que o PT podia tirar".

Veloso classificou como "bombástico" o conteúdo do dossiê. Segundo ele, nos três encontros que teve como Luiz Antônio e Darci Vedoin em Cuiabá, viu cópias de 15 cheques, que somavam R$ 601,2 mil, e 20 comprovantes de depósitos, cujos valores não se lembra. Os cheques e depósitos eram para o empresário Abel Pereira, apontado pelos Vedoin como operador do ex-ministro da Saúde, Barjas Negri. Os encontros foram em 23 de agosto, 7 de setembro e entre os dias 12 a 14 de setembro

Ele conta que os Vedoin fizeram um verdadeiro leilão do dossiê. "Começaram pedindo R$ 20 milhões, baixaram para R$ 10 milhões, depois R$ 5 milhões, R$ 3 milhões, até chegarem neste valor de R$ 1,7 milhão." Segundo Veloso, depois que soube que havia dinheiro envolvido, Valdebran Padilha falou que ia pagar. "Mas não sei de onde o Valdebran ia tirar o dinheiro".