Título: Explicações ficam para depois do 1º turno
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2006, Política, p. A10

O presidente Lula ganhou um fôlego no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e só deverá responder formalmente às investigações instauradas no tribunal sobre a venda de um dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, após a votação de 1º de outubro.

Isso porque o TSE só concluiu os procedimentos necessários para notificar o presidente ontem. A notificação deve ser entregue hoje a Lula e aos envolvidos na suposta produção do dossiê. São eles, segundo as investigações instauradas no TSE a pedido do PSDB e do PFL: o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e três acusados de operar o dossiê (Valdebran Padilha, Gedimar Passos e Freud Godoy).

O prazo para resposta é de cinco dias corridos. Assim, o prazo será encerrado no domingo da eleição. A votação começa às 8h e será encerrada às 17h. O protocolo do TSE funcionará até as 22h de domingo. Conclusão: os advogados de Lula poderão adiar ao máximo a entrega da defesa formal do presidente. Poderão entrar com a defesa depois de encerrada a votação. Assim, o presidente se livra de novas manchetes citando-o no caso do dossiê Vedoin.

As investigações sobre o possível conhecimento ou participação do presidente Lula no dossiê foram abertas pelo corregedor-geral-eleitoral, ministro César Asfor Rocha. Ele concedeu liminar na representação feita pelos partidos que se coligaram em torno da candidatura Alckmin (o PSDB e o PFL). O objetivo da representação é a declaração da inelegibilidade do presidente Lula. A representação chegou ao TSE no dia 18. César Rocha foi ágil na concessão da liminar que abriu as investigações: ele decidiu no dia 19. Com isso, criou-se a expectativa de que Lula teria de responder antes das eleições. Mas, o TSE teve de fazer a transcrição formal de toda a denúncia para, então, remetê-la ao presidente Lula, a Bastos, Berzoini e demais envolvidos.

O tribunal demorou seis dias nessa tarefa. Com isso, Lula ganhou tempo e sua resposta formal no caso poderá ser enviada após o horário de votação. (JB)