Título: Fundação estrangeira financia imóveis
Autor: Bautzer, Tatiana
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2006, Finanças, p. C3

Muito discretamente, fundos de pensão estrangeiros estão aumentando os investimentos em imóveis comerciais e até residenciais no Brasil.

Apesar do nervosismo entre os investidores de curto prazo como hedge funds em relação a mercados emergentes, os investimentos em imóveis não estão sendo muito afetados, segundo os executivos da Brazilian Capital, do grupo Ourinvest.

Fundos de pensão internacionais vêem o mercado imobiliário no Brasil como uma boa oportunidade de negócios, devido à baixíssima disponibilidade de crédito até recentemente. Na Ásia e no México, investimentos em imóveis resultaram em ganhos gigantescos depois do aumento da oferta de crédito.

Uma das empresas mais ativas na captação de recursos externos tem sido a Brazilian Capital, que tem hoje sob gestão R$ 680 milhões de investidores institucionais estrangeiros (principalmente europeus e canadenses). O diretor Gastão de Mello Valente espera elevar o total sob administração para R$ 1 bilhão até o fim do ano.

Um exemplo dos investimentos dos fundos de pensão estrangeiros é o empreendimento residencial Cores da Lapa, construído no Rio de Janeiro pela Klabin Segall. Parte de um projeto de revitalização do centro do Rio, o empreendimento recebeu R$ 40 milhões de um investidor externo (fundo de pensão) e o total de vendas do empreendimento deve ser de R$ 100 milhões.

Valente não acredita que esses investidores reduzam os investimentos no segmento imobiliário brasileiro por causa da turbulência nos mercados internacionais. "Esse tipo de investidor é de longo prazo e não está visando resultado no mês que vem", diz Valente. Criada em 2002, a Brazilian Capital tem, além de recursos administrados para fundos de pensão estrangeiros, R$ 70 milhões de pessoas físicas captados por meio da administradora de recursos Hedging Griffo. A aplicação mínima é de R$ 100 mil. A Brazilian Capital não revela o nome dos investidores.

A rentabilidade é bem mais alta que em outras alternativas em renda fixa - IGP-M mais 23% ao ano. O prazo de resgate dos investimentos é de cinco anos em média. "Os investidores estrangeiros estão animados porque começam a encontrar no mercado brasileiro estruturas de financiamento muito semelhantes às existentes nos mercados maduros", diz Rodrigo Machado, da Brazilian Mortgages.

A Brazilian Capital, do grupo Ourinvest, é coligada a outras duas empresas do ramo imobiliário, a Brazilian Mortgages, que tem fundos de investimento imobiliário, e a Brazilian Securities, que estrutura securitizações e emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e repassa linhas de crédito da International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, para compra de recebíveis. A Brazilian Securities já superou R$ 1,2 bilhão em CRIs emitidos no país.